Dissidente, associação entra no debate sobre mensalidade escolar
Grupo reúne 30 escolas e alega falta de diálogo com sindicato que representa o setor privado
Alegando crise de representatividade em momento crucial, a negociação para desconto nas mensalidades, representantes de 30 instituições de ensino particular criaram associação na última terça-feira (dia 28) e na próxima semana pretendem entrar na negociação com o Procon, Defensoria Pública e Ministério Público.
Nos últimos 20 dias, a questão foi discutida pelo Sinepe-MS (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino). Ontem, era fim do prazo para informar se o setor aceitaria a proposta com faixas de descontos. Segundo o Procon estadual (Superintendência de Defesa ao Consumidor), não houve acerto e as escolas serão notificadas a partir de segunda-feira.
“A associação foi criada não por divergência, mas por dificuldade de comunicação com o sindicato. Já liguei inúmeras vezes, mas não consegui nem que atendessem o telefone. Outros enviaram e-mail, que não foram respondidos. Não conseguimos acesso a eles e a gente se viu desamparado”, afirma Camilla Rodrigues Vianna Vasconcelos, conselheira fiscal da recém-criada Associação das Instituições de Ensino Privado de Campo Grande.
De acordo com ela, as escolas participantes do novo grupo já estão em diálogo com os pais sobre os descontos na mensalidade, não sendo justo o papel de vilãs. “Na segunda-feira, vamos procurar o Procon e mostrar a nossa realidade, que está todo mundo aberto à negociação”, diz Camilla.
A associação foi desmembrada em quatro comissões: plano de contingência enviado ao poder público, elaboração do plano de biossegurança nas escolas, divulgação das ações adotadas e engajamento da comunidade escolar.
O Campo Grande News não conseguiu contato com o Sinepe-MS na tarde desta sexta-feira, feriado do Dia do Trabalho.
Tentativa - A proposta era de três faixas de descontos na mensalidade, que seriam aplicados numa avaliação caso a caso e somente para pais com dificuldades financeiras.
Na educação infantil, especificamente na faixa etária de 0 a 3 anos (quando o ensino não é obrigatório), o desconto seria de 25%. Para os demais anos, os descontos seriam de 10% e 15%.
Os 10% são para as escolas enquadradas como microempresa, com faturamento anual de até R$ 360 mil. Já o desconto de 15% é para as demais unidades de ensino da rede particular. As escolas suspenderam as aulas presenciais desde o mês passado por conta da pandemia do novo coronavírus e oferecem educação a distância.