Do ensino público, alunos decolam e entram "pelo topo" na UFMS e USP
Jovens escolheram cursar direito, engenharia civil e física; ambos foram aprovados em 1º lugar em 2 grandes instituições do país
Pelo menos três ex-alunos de escolas públicas de Campo Grande se destacaram em vestibulares e outros processos seletivos para ingresso em universidades do país, em 2020. Exemplos de dedicação aos estudos, os jovens que escolheram cursar direito, engenharia civil e física, foram aprovados em primeiro lugar em duas grandes instituições brasileiras, UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e USP (Universidade de São Paulo).
Além da idade, 18 anos, as estudantes Yasmin Kanashiro e Rebeca Loyse Lima também têm em comum a instituição onde concluíram o Ensino Médio. As duas estudaram os três últimos anos do ensino regular na Escola Estadual Hércules Maymone, no Bairro Itanhangá Park, e foram surpreendidas com os resultados de uma das seleções da UFMS.
"Não esperava passar, achei que não tinha estudado o suficiente e vi muita gente fazendo cursinho, até mesmo lá atrás no 2º ano. Mas eu trabalhava no período da tarde e tivesse essa mesma oportunidade", ressaltou Yasmin, primeira colocada no curso de engenharia civil.
A reportagem, a jovem revelou ainda não acreditar no resultado que obteve. "A ficha ainda não caiu, não parece ser verdade. Por isso que é preciso acreditar em você, no seu potencial. Comecei a chorar quando vi o resultado, minha mãe também, e todo mundo da minha família ficou muito feliz". conta.
Mesma reação teve a estudante Rebeca, que cursará direito na mesma instituição que a colega de escola. "Fiquei muito feliz. Eu não sabia que ia conseguir ser aprovada, só tinha uma vaga e eu não esperava passar".
A jovem, que também aguarda o resultado do Sisu (Sistema de Seleção Unificada) para saber se será aprovada na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), aproveita para aconselhar outros estudantes. " Isso é legal porque mostra que as pessoas que estudem em escolas públicas também têm oportunidade. É preciso se preparar e estudar com tranquilidade, não deixar para perto do vestibular", ressalta Rebeca.
Quem também tem motivos de sobra para comemorar é o estudante Vitor Hugo Cerzosimo de Souza, de 18 anos. Aluno do Colégio Militar da Capital, o jovem foi campeão da edição da Olimpíada Brasileira de Física, em 2017, ao lado de outros 12 medalhistas, e agora celebra a primeira colocação na USP, uma das universidades brasileiras mais disputadas.
"Fiquei muito contente. Tinha me preparado bem e esperava ser aprovado por ter ido bem nas duas fases. Também fui bastante incentivado por professores do colégio", ressalta o estudante. A expectativa agora é para a mudança, que deve acontecer a partir do dia 10 de fevereiro.
Orgulho - O resultado dos alunos também alegrou pessoas que acompanharam de perto a dedicação e o zelo de cada um com os estudantes. Coordenadora pedagógica na escola das estudante Yamins e Rebeca, Kássia Karoline Roda do Valle, de 33 anos, destaque o emprenho da dupla. "Sempre foram alunas muito dedicadas".
Quanto ao resultado, a profissional cita que o exemplos das meninas ajuda, inclusive, a transformar a imagem que algumas pessoas têm da escola pública. "Existe um certo preconceito, o esteriótipo de que a escola pública não prepara e não é assim. Temos grupos de iniciação cientifica, projetos diferenciados que ajudam os alunos", complementa.
Pai de Vitor, o engenheiro agrônomo Horácio de Souza Filho, de 72 anos, também lembra o esforço que o filho teve. "É a compensação d todo um trabalho, estou muito orgulhoso".