Documento da operação Omertà une delegado a R$ 100 mil, "Fuad" e execução de PM
Trecho não cita nome do delegado, mas hoje o ex-titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios foi preso
Documento da operação Omertà, que cumpre a terceira fase nesta quinta-feira (dia 18), cita propina de R$ 100 mil paga a delegado de Campo Grande, além de envolvimento do mesmo policial com empresário fronteiriço Fahd Jamil Georges.
O texto não cita o nome do delegado, no entanto, hoje foi preso Márcio Shiro Obara, ex-titular da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios), e a mansão do empresário foi alvo da operação em Ponta Porã.
A prisão de Obara é preventiva, por tempo indeterminado, condição normalmente deferida pela Justiça quando há provas contundentes contra o suspeito.
Em depoimento, a esposa do então guarda municipal Marcelo Rios, que se tornou o estopim da operação após ser preso em maio de 2019 com um arsenal, relatou que o assassinato do policial militar reformado Ilson Martins Figueiredo, ocorrido em junho de 2018, abriu uma sequência de execuções em Campo Grande. O crime foi investigado por Obara na época.
Eliane Benitez Batalha dos Santos disse que ouviu Marcelo falando ao telefone que “depois de uns dias, ele tinha chegado em casa, ele precisou sair, ligaram para ele, ele precisou sair ele foi e pegou R$ 100 mil (...) Eu escutei ele falando que iria em uma delegacia entregar para um delegado em mãos”. Ela ainda disse que o motivo do assassinato seria pelo "filho do Fuad", forma como se pronuncia Fahd.
Alvo de ação de fuzilamento em plena manhã de uma segunda-feira Avenida Guaicurus, Ilson foi apontado como envolvidos no “sumiço” de Daniel Alvarez Georges, filho do de Fahd Jamil. Ele desapareceu em 3 de maio de 2010, após ter ido a um shopping, em Campo Grande.
Desde maio do ano passado, Eliane tem dado versões diferentes. Já falou sofrer ameaça por parte da milícia armada, alvo da operação, mas depois negou qualquer investida do grupo contra ela ou o marido.
A primeira fase da operação Omertà, liderada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) e Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), foi em setembro do ano passado. Uma nova fase foi realizada em março deste ano.
Neste período, o delegado Obara, alvo de prisão preventiva, foi mudando de delegacias por determinação da Polícia Civil. No mês de outubro, foi designado para prestar auxílio à Delegacia Regional de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai. Em novembro, Obara foi remanejado de forma definitiva para a 2ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande, no Bairro Monte Castelo.