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Capital

Dono de escola de aviação é suspeito de dar golpe de R$ 100 mil em pilotos

Alunos comprava horas de voo para se tornarem instrutores, mas praticamente não saíam do chão

Aline dos Santos e Clayton Neves | 27/08/2019 12:52
A escola funcionava no Aeroporto Teruel, em Campo Grande. (Foto: Divulgação/Deco)
A escola funcionava no Aeroporto Teruel, em Campo Grande. (Foto: Divulgação/Deco)

O proprietário da CMM Escola de Aviação Civil Ltda, Manoel Messias da Silva, 40 anos, foi indiciado nesta terça-feira (dia 27) por estelionato. Quinze vítimas procuraram a Deco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado), em Campo Grande, e relataram prejuízo de R$ 100 mil.

O proprietário da escola, que segundo as vítimas estava sumido, foi ouvido hoje na delegacia. Um piloto de 25 anos relata que morava em Campinas (São Paulo) e, sem emprego, pedia indicações de vagas.

Ao saber da escola, fez contato com o dono e comprou 56 horas de voo por R$ 33.600. Ao término do curso de instrutor de voo, seria contratado. O piloto se mudou para Campo Grande e fez empréstimos. “Dessas 56 horas, só voei três horas e meia”, conta o jovem, que hoje mora num hangar na Capital e conta com a ajuda de colegas. A hora de voo era vendida por R$ 600. Ele relata que fez boletim de ocorrência e entrou com processo contra Manoel Messias.

Morador na Capital, outro piloto, de 38 anos, conta que recebeu boa referência da escola de aviação. Um colega revalidou a habilitação e indicou a CMM. Com pagamento à vista de R$ 15 mil, a vítima contratou 26 horas de voos, no curso de instrutor de voo.

O treinamento é exigência para que o piloto dê aulas. Ele relata que a descoberta do golpe foi gradativa. “Em 90 dias, era para ter terminado o curso. Mas só tinha voado seis horas. Em janeiro, ele fechou as portas, foi para Jales [SP] e não voltou mais”, diz o piloto.

Ele relata que os aviões eram arrendados e que uma aeronave caiu no ano passado. Segundo o piloto, os alunos querem reaver os valores investidos e não aceitariam acordo para finalizar as horas de voos. “A gente sabia que não dava manutenção nos aviões, que é obrigatória a cada 50 horas”.

Ao sair da delegacia, Manoel Messias da Silva não quis falar com a imprensa. O advogado Sérgio Moreno também não quis dar entrevista. A escola funcionava no Aeroporto Teruel, em Campo Grande.

Dono da escola de aviação (à esquerda) não quis dar entrevista. (Foto: Clayton Neves)
Dono da escola de aviação (à esquerda) não quis dar entrevista. (Foto: Clayton Neves)
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