"É assalto todo dia", diz comunidade do Caiobá ao receber base móvel da Guarda
Moradores pedem mais: querem a instalação de uma base fixa da própria Guarda Municipal ou da Polícia Militar
"Nossa realidade aqui é assalto todo dia", lamenta o aposentado Hamilton Teixeira, 70, que pretende se mudar logo do Bairro Caiobá, em Campo Grande. Os motivos são a insegurança e violência rotineiras, que há anos tomam conta do conjunto localizado na ponta da Capital, na saída para Sidrolândia.
Um episódio na última véspera de Natal despertou a atenção para o bairro e parecia coisa de cinema: jovens exibiram armas de cano longo próximo a um campo de futebol e atiraram para cima, montados em motos. Havia até uma mulher com bebê de colo ao lado de um dos homens.
O conselheiro de segurança e presidente da Associação de Moradores do Caiobá, Jasé Santos, 53, diz que a cena acabou servindo para lembrar às autoridades e revelar às pessoas que vivem em outros bairros o que acontece por lá. "Basta lembrar do vídeo", falou.
Campeão de pedidos - Nesta segunda-feira (5), há pouco mais de um mês do exibicionismo, o Caiobá recebe uma base móvel da Guarda Civil Municipal, com 10 viaturas, sendo quatro carros e seis motos. Na semana que vem, ela sairá do bairro para ir até o Centro e assim por diante, ficando parada temporariamente em localidades das sete regiões urbanas de Campo Grande.
A base móvel é um ônibus. Segundo o secretário municipal de Segurança, Anderson Gonzaga, ele servirá para auxiliar o trabalho dos guardas municipais por sete dias. Os agentes ficarão ali, mas vão se deslocar nas viaturas para atender chamados, fazer rondas e a patrulha para cumprimento da Lei Maria da Penha.
O titular da pasta afirmou que o Caiobá foi o primeiro bairro a ser atendido na ação itinerante, por ser o campeão de pedidos de policiamento. "De toda Campo Grande, essa região foi a que mais solicitou, então estamos trazendo agora a Guarda Civil. Vamos ver qual será o resultado desse trabalho", disse.
Gonzaga também confirma que a repercussão do vídeo gravado próximo ao campo de futebol pesou para que fosse o escolhido.
O Caiobá fica na região Lagoa, que tem 114.447 habitantes, segundo a Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano), e é composta por outros 10 bairros, além do Caiobá: Bandeirantes, Taveirópolis, Caiçara, Leblon, São Conrado, Tijuca, Batistão, Coophavila II, União e Tarumã.
Querem base fixa - Os moradores reconhecem que a presença dos agentes pode inibir a criminalidade, mas querem mais. Pedem a instalação de base fixa da própria Guarda Civil Municipal ou da Polícia Militar.
"É uma alegria, mas a gente quer uma fixa, porque aqui é necessário. As casas são assaltadas, tem muito estupro também e muita droga", pede a aposentada Elizabete de Araújo, 58. Ela avalia que o Caiobá é bem servido de comércios e serviços, mas que sente falta de mais segurança.
Há pelo menos sete anos, Jasé e moradores pedem a instalação de uma base fixa da Polícia Militar no Caiobá. "Fizemos um abaixo-assinado e entregamos ao governador em 2017. Nunca tivemos resposta", reclama. Ele afirma ter feito a mesma entrega, direcionada ao atual governador, Eduardo Riedel.
O presidente da associação de moradores argumenta que ninguém pode ficar "nem parado na rua" ou sair de casa para trabalhar, que é assaltado. Outra reclamação é que a Guarda Civil Municipal acaba ficando com todas os chamados e os policiais militares vão pouco à região.
"A gente queria saber como isso funciona. Parece que, com a presença da guarda no bairro, a Polícia Militar se acomodou. Como eles sabem que os guardas virão, eles não vão atender a ocorrência", ele supõe.
Ele cita uma questão operacional da Polícia Militar, que pode estar contribuindo para presença que fazem os moradores se sentirem inseguros, desamparados. "As viaturas que rodam aqui perto não podem se deslocar para atender o Caiobá porque não podem sair da rota prorrogada e precisam de autorização do comando para atender o chamado", disse Jasé.
A assessoria de imprensa da Polícia Militar foi questionada sobre a presença na região. De antemão, respondeu que possui poucos quartéis espalhados pela cidade, e que o principal da região fica no Bairro União. Explica que, entretanto isso não compromete o policiamento, pois a estratégia adotada não se baseia na existência de bases fixas. A reportagem aguarda posicionamento detalhado para atualização da matéria.
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