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Capital

"É até pecado jogar pão", lamenta mulher em área que virou lixão

Móveis, colchões, roupas, sapatos, entulho e até pães foram encontrados em antiga lanchonete no Novos Estados

Por Gabriel de Matos e Clara Farias | 23/09/2024 18:03
Pães em meio a roupas e lixos em terreno no Parque Novos Estados (Foto: Marcos Maluf)
Pães em meio a roupas e lixos em terreno no Parque Novos Estados (Foto: Marcos Maluf)

Móveis, colchões, entulhos, sapatos, roupas e sacos de lixo são objetos encontrados em terreno de antiga lanchonete na Rua Marquês de Herval esquina com a Rua Guanambi no Parque Novos Estados, em Campo Grande. No entanto, o que mais chama a atenção da pensionista Nair Montalvão, de 76 anos, é vários pães jogados em meio ao lixo.

Ela é moradora de um condomínio na Rua Marquês de Herval (via que conecta a Rodovia MS-010 até a região do Carandá Bosque), próximo ao Terminal Nova Bahia. Diante do cenário, Nair lamenta: "é até pecado jogar pão. Jesus multiplicou o pão e hoje quem está multiplicando é o lixeiro".

Nair relatou que vai quase todos os dias ao terreno para virar os potes de água e evitar a proliferação de mosquitos da dengue. A pensionista complementou que a Prefeitura de Campo Grande faz a limpeza, mas não adianta. A situação é observada há cerca de 10 meses.

Pensionista Nair ao lado de lixo em terreno no Parque Novos Estados (Foto: Marcos Maluf)
Pensionista Nair ao lado de lixo em terreno no Parque Novos Estados (Foto: Marcos Maluf)
Pensionista Nair em entrevista no terreno usado como depósito de lixo (Foto: Marcos Maluf)
Pensionista Nair em entrevista no terreno usado como depósito de lixo (Foto: Marcos Maluf)

"Eles vêm e limpa todinha essa praça aqui. No outro dia tem colchão, tem tudo, tem televisão, tem tudo que não presta jogado. Param o carro aí e despeja tudo que não presta aqui", relatou a moradora.

A zeladora Luciana Alves, de 41 anos, ressalta outros perigos do acúmulo de lixo no local. "É perigoso um animal peçonhento, barata, rato, dengue, cobra. Temos um condomínio bem aqui, temos bloco térreo, então essa situação não pode ficar. Se acontecer alguma coisa com algum morador, quem vai responsabilizar?".

Luciana reforça que os moradores do condomínio de frente ao terreno são, na maioria, idosos. Na área tem uma antiga estrutura de uma lanchonete praticamente demolida. As duas entrevistadas não sabem se a área é pública ou particular.

Zeladora Luciana Alves, de 41 anos, em entrevista no terreno (Foto: Marcos Maluf)
Zeladora Luciana Alves, de 41 anos, em entrevista no terreno (Foto: Marcos Maluf)

"Agora a gente não sabe se era particular, porque uns falam que é particular, outros falam que é da prefeitura, outros falam que o empreendimento vai construir prédio", explica Luciana. Para ela, o ideal seria demolir a estrutura e fazer uma limpeza. Nair diz que tinha que ter uma câmera de segurança para flagrar quem joga lixo no local.

Antes de virar um depósito de lixo, o espaço tinha a Lanchonete Santa Fé Point, administrado por Vagner Paz, de 40 anos. Ele relatou que teve de sair às pressas há cerca de 10 meses do local. "Fiscais me disseram que a área tinha sido doada. Se apresentaram como fiscais da prefeitura, mas os uniformes eram de uma construtora".

O salão era alugado para a lanchonete. Depois disso, Vagner não reabriu em outro lugar. Na época, ele teve de retirar os equipamentos em 30 dias. A finalidade seria para construção de apartamentos. "Minha vida só decaiu, tinha gastado tudo lá para arrumar, mas vida que segue. Agora virou um lixão", lamenta.

Lanchonete Santa Fé Point antes de ter salão demolido (Foto: Acervo pessoal)
Lanchonete Santa Fé Point antes de ter salão demolido (Foto: Acervo pessoal)

A reportagem do Campo Grande News entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande para questionar sobre a desapropriação e o acúmulo de lixo no local. A Semadur respondeu.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana alerta que o descarte irregular de resíduos é crime ambiental. Cidadãos que presenciarem essa prática em terrenos baldios ou vias públicas devem denunciar à Patrulha Ambiental da Guarda Civil Metropolitana pelo telefone 153.

Já denúncias relacionadas à má conservação de terrenos baldios devem ser feitas à Semadur, via Central de Atendimento 156. Quem for flagrado realizando o descarte irregular poderá responder criminalmente e ser multado, com valores que variam entre R$ 3.091,50 e R$ 12.366,00, conforme a Lei 2909/92 de Campo Grande.

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