Em 5 anos, procurador recebeu R$ 10 milhões em propina, aponta Gaeco
MPE denunciou Scaff à Justiça e pediu o sequestro dos bens dele; além do servidor, a mulher dele e outros 22, a maior parte empresários, estão na lista de acusados de corrupção
Em cinco anos – de 2010 a 2015 –, André Luiz Scaff, recebeu R$ 10 milhões em propina. É o que aponta o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) na denúncia contra o procurador da Câmara de Campo Grande e mais 23 pessoas apresentada à Justiça nesta semana.
Para garantir futuro a recuperação do dinheiro de origem ilícita, o Gaeco pediu ainda o sequestro dos bens nos nomes de Scaff e da mulher dele, Karina Ribeiro Mauro Scaff, no valor de R$ 10 milhões.
Só nas contas bancárias do procurador e da mulher, nestes cinco anos, R$ 3.183.836,20 em propinas foram depositados, acusado o Gaeco. A maior parte dos “pagamentos” foi feita por empresas que prestam serviço para a Prefeitura de Campo Grande. Outros R$ 3.045.325,31 são de depósitos não identificados.
O dinheiro foi investido na compra de dezenas de imóveis em Campo Grande, ainda segundo o Gaeco, alguns deles registrados em nome de outras pessoas para disfarçar a incompatibilidade da quantidade de bens com a renda do casal.
Scaff está preso desde o dia 8 de outubro. Principal alvo da Operação Midas, do Gaeco, ele foi detido três vezes neste ano.
O procurador, também alvo da Operação Coffee Break por ter participado ativamente no processo de cassação do prefeito Alcides Bernal (PP) e depois ter se tornado secretário na gestão de Gilmar Olarte (Pros), começou a ser investigado no ano passado. Chamou a atenção do MPE (Ministério Público Estadual) o volume do patrimônio de Scaff, que seria incompatível com a rende dele de servidor público.
“Durante as investigações, constatou-se que o denunciado é dono de várias dezenas de imóveis nesta cidade e que enriqueceu ilicitamente”, alegaram os promotores do Gaeco, Thalys Franklyn de Souza, Cristiane Mourão Leal dos Santos, Tiago Di Giulio Freire e Marcos Roberto Dietz.
Acusados – Além do procurador e da mulher dele, empresários foram denunciados. João Alberto Krampe Amorim dos Santos, o dono da Proteco Construções e que também é alvo das Operações Lama Asfáltica e Coffee Break, está entre os denunciados.
Além dele, donos de empresas que trabalham na obras da prefeitura espalhadas pela Capital – como Coletto Engenharia, Selco Engenharia e MG Construtora Ltda. – teriam feito depósitos para Scaff e por isso estão no rol de acusados.
Histórico - Servidor concursado desde março de 1985 na Câmara Municipal, André Scaff fazia o papel de coordenador-geral de apoio jurídico, conforme consta no Portal da Transparência do Legislativo.
Ele atuava na assistência jurídica das sessões e atuou também no apoio à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Calote, que culminou na cassação do então prefeito Alcides Bernal (PP) e, por consequência, a tomada de comando da Prefeitura de Campo Grande por Olarte.
Como secretário de Finanças, em agosto do ano passado, último mês que ficou no cargo, uma vez que Bernal reassumiu a prefeitura no dia 27 de agosto de 2015, Scaff recebeu R$ 13.836,49, mostra o Portal da Transparência do município.
A reportagem tentou contatou com a defesa de Scaff, mas o telefone do advogado , José Wanderley, estava desligado.