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Capital

Em depoimento, motorista nega que estava bêbado e em alta velocidade

Delegado acredita que, pela dinâmica do acidente, era impossível o motorista estar a menos de 70 km/h, como rapaz afirmou em depoimento.

Anahi Gurgel e Bruna Kaspary | 05/11/2017 17:14
Camionete capotou após colidir com veículo nVW Fox, em acidente que matou advogada de 24 anos na madrugada de sexta (02). (Foto: Direto das Ruas)
Camionete capotou após colidir com veículo nVW Fox, em acidente que matou advogada de 24 anos na madrugada de sexta (02). (Foto: Direto das Ruas)

Depois que se entregou à Polícia Civil, neste sábado (04), João Pedro Miranda Jorge, 23 anos, envolvido em acidente de trânsito que matou a advogada Carolina Albuquerque Machado, 24 anos, negou que estava em alta velocidade e embriagado. Ele disse ainda que fugiu do local com medo de ser agredido pela população.

Os detalhes do depoimento de João Pedro foram repassados ao Campo Grande News na tarde deste domingo (05) pelo delegado Enilton Zalla, da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), onde o motorista está preso desde ontem. 

“João contou que, logo após o acidente, as pessoas que estavam no local o chamaram de assassino e que ele saiu da área para preservar sua integridade física”, disse o delegado.

Para o delegado, o depoimento de João Pedro não condiz com os indícios da dinâmica do acidente.

“Pela cinemática do ocorrido, se ele estivesse entre 60 e 70 km/h, como alega, não teria capotado o veículo e o VW Fox de Carolina não teria sido arrastado por cerca de 100 metros nem ficado tão destruído”, acredita.

“A porta do passageiro foi parar do outro lado, provavelmente isso que provocou traumatismo craniano na vítima”, complementa. Questionado quanto ao cinto de segurança da criança, que estava desativado, o delegado acredita que, com a pressão do impacto, é comum que esses dispositivos se abram depois. Se o bebê estivesse sem, teria se machucado muito mais”, explicou. 

Delegado Enilton Dalla, em frente à Depac, onde motorista envolvido em acidente está preso. (Foto: André Bittar)
Delegado Enilton Dalla, em frente à Depac, onde motorista envolvido em acidente está preso. (Foto: André Bittar)

Testemunhas em veículos que foram ultrapassados por João momentos antes da colisão afirmam que eles estava “chutado, pisando fundo no acelerador".

Zalla explicou que, pelo Código Penal, pessoas envolvidas em acidentes de trânsito com morte não são presas em flagrante. Mas como ele saiu do local, o TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) decretou a prisão preventiva na madrugada do dia 3, entendendo que “o condutor estava fugindo do chamado da Justiça”.

A partir desse mandado de prisão, os policiais reiniciaram intensas buscas na residência do rapaz, estudante de medicina, na casa de familiares e todos os ambientes que ele frequentava.

“Eles ficaram de plantão em frente ao seu condomínio e ele se entregou porque se sentiu coagido", disse o delegado.

Nesta segunda feira (06), João Pedro, que é estudante de medicina, passará por audiência de custódia, no Fórum de Campo Grande e deve ser encaminhado para o Presidio de Trânsito da Capital. A partir de amanhã, a Depac encerra as investigações e encaminhará o inquérito para o 3º Departamento de Polícia Civil.

Porta do passageiro foi parar do outro lado, indicativo de forte impacto, de acordo com delegado. (Foto: Direto das Ruas)
Porta do passageiro foi parar do outro lado, indicativo de forte impacto, de acordo com delegado. (Foto: Direto das Ruas)

Para o delegado Enilton, o motorista não se entregou no dia seguinte ao acidente porque ele ainda poderia estar embriagado. “Eu poderia pedir teste de alcoolemia e provavelmente constatar presença de álcool em seu sangue”, diz.

O acidente aconteceu na última quinta-feira (2), na Avenida Afonso Pena, quando a camionete Nissan Frontier conduzida por João atingiu o VW Fox da advogada. Segundo a Polícia de Trânsito, o jovem trafegava em torno de 160 km/h. Após a batida, ele fugiu a pé sem prestar socorro. O filho de Carolina, de 3 anos e 8 meses, que seguia na cadeirinha no banco traseiro fraturou a clavícula.

Em depoimento, o rapaz ainda reforçou que a advogada avançou o sinal vermelho, o que será apurado por meio de imagens de segurança, segundo o delegado.

Ele está sendo indiciado por homicídio doloso, quando há intenção de matar. “Dirigir dessa maneira, em alta velocidade, é como estar armado; o carro se torna uma arma e pode destruir vidas”, finalizou Zalla.

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