Em greve, profissionais da enfermagem montam concentração em frente à Prefeitura
Categoria quer aplicação de plano de cargos e carreiras, além de adicional por insalubridade
Profissionais da enfermagem que atuam na rede municipal de saúde se reúnem no canteiro da Avenida Afonso Pena, em frente à Prefeitura de Campo Grande, e iniciam movimento que pretende acampar no gramado do Paço até que a questão salarial e o plano de cargos e carreira sejam sanados.
Munidos de cartazes contendo as reivindicações da categoria, eles distribuem fitas pretas simbolizando luto pelos direitos infringidos. De acordo com o presidente do Sinte (Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Enfermagem de Campo Grande), Ângelo Macedo, serão montadas duas tendas e a expectativa é de que nesta terça-feira (28) a movimentação esteja concentrada 100% no acampamento com mais de 500 pessoas.
Além disso, diferente do que ocorreu nesta manhã, nos próximos dias não haverá atendimento nas salas de vacinação, nem testagem para covid-19. A liderança diz, ainda, que a greve é por tempo indeterminado, já que a prefeita Adriane Lopes (Patriota) descumpriu uma lei criada, em 2020, que previa o enquadramento da categoria e usasse os dispositivos das promoções a partir de janeiro deste ano.
“Ela, na inércia que vem demonstrando na sua gestão, simplesmente esperou o prazo findar para dizer que não tem recurso, que a Lei de Responsabilidade Fiscal a impede. É muito fácil você não assumir o compromisso com uma categoria que é a da Enfermagem, que acabamos de sair de uma pandemia, um sofrimento imenso. À época palmas e chamados de heróis e hoje um tratamento dessa maneira pelo Executivo. Esse é o motivo da nossa greve”, destaca.
Além disso, Macedo relata também sobre a falta de recebimento de insalubridade. “Temos uma insalubridade que não recebemos desde 1998 quando nos foi tirada pelo então prefeito André Puccinelli, temos uma decisão judicial que deu 30 dias para a prefeita regulamentar e pegar a insalubridade, o prazo vence no dia 15 de março, só que cabe recurso e diante da postura dela eu não tenho dúvidas de que ela vai recorrer”, ressalta.
Conforme o Sinte, ao todo são 1,5 mil a 1,8 mil servidores na rede, mas nem todos estarão em greve. Ele explica que as Unidades de Saúde da Família não estarão em funcionamento, somente em casos de emergência.
“Nas unidades de urgência e emergência serão mantidos 30% de um RH que já é deficitário, atuando simplesmente nas áreas amarelas e vermelhas. Todos usuários que procurarem essas unidades terão seus atendimentos acontecendo, mas dentro da área amarela e vermelha, na medida que forem surgindo vagas para que isso aconteça”, explica.
Em resposta, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) diz que “foram produzidas orientações quanto ao funcionamento dos serviços. Na urgência e emergência, por exemplo, serão mantidos 30% do efetivo. Na atenção primária somente os atendimentos que são de prerrogativa da enfermagem serão paralisados. Os enfermeiros deverão comparecer nas unidades e atenderão em casos de urgência”, diz a nota enviada.
Grevistas – Atuando na rede municipal há seis dos dez anos de profissão, a enfermeira Valéria Ventura, 36 anos, faz parte dos manifestantes que já estão em frente à Prefeitura. “Não vamos aceitar menos do que é nosso por direito”, diz.
“Faço parte da diretoria do sindicato, apoiando como membro”, completa. Ela pontua que o Município é o único a não pagar adicional por insalubridade, mesmo depois de os profissionais estarem na linha de frente no combate à covid-19.
A enfermeira Bruna de Lemos, 26 anos, está em pleno mestrado e faz parte do movimento grevista justamente pela reivindicação do plano de cargos e carreira. “A gente tem três lutas nesse momento em relação a plano de cargos e carreiras que já foi aprovado e tinha que ter sido implantado esse ano”, explica.
* Colaborou Izabela Cavalcanti