Em julgamento, acusados de matar prostituta mantém versão de inocência
Hugo e Fernando acusam Leonardo
Em julgamento realizado nesta sexta-feira, os acusados pela morte da garota de programa Claudinéia Rodrigues, em maio de 2009, Hugo Pereira da Silva e Fernando Pereira Verone, afirmam que não agrediram a vítima e apontam Leonardo Leite Cardoso como autor das pedradas que levaram a jovem a morte.
O júri que irá decidir a condenação, ou não, deles é composto por cinco homens e duas mulheres.
Desde que foram presos os dois mantém a versão de inocência na execução das agressões e alegam que apenas presenciaram os golpes praticados por Leonardo e que o comportamento deste estava visivelmente alterado.
No entanto, Hugo, o primeiro a ser interrogado hoje, sem a presença de Fernando no plenário, mudou a versão apresentada em depoimento em juízo durante a fase de instrução do processo.
Na época, ele disse que Fernando não havia agredido “Néia”, como a vítima era conhecida, já durante o júri popular, falou que o outro réu deu chutes na garota de programa.
Ao ser questionado sobre o motivo de ter inocentado Fernando inicialmente, Hugo alegou que se sentia constrangido porque conhecia o também acusado desde criança e encontrava a família dele frequentemente no bairro onde morava.
Fernando foi ouvido após Hugo, com este presente no plenário. Ele alegou inocência na execução do assassinato, confirmando apenas que estava com Hugo, Leonardo e prostituta e presenciou o crime.
Ele declarou ainda que Hugo também não participou das agressões e que Leonardo estava nervoso e transpirava bastante. Fernando declarou ainda que após os três terem saído do matagal onde Néia foi deixada e já sem Hugo, ele e Leoanardo voltaram para o local do crime.
Na versão de Fernando, Leonardo desceu do carro, andou alguns metros e retornou ao veículo. Ele alega que os dois passaram por lá novamente porque era o trajeto mais perto até a residência dele, no bairro Nova Campo Grande.
Assim como Hugo, ele falou que a indicação do local onde Néia foi morta foi feita por Leonardo e que foi dele também a ideia de contratar prostitutas.
Testemunha- Além dos dois réus, também foi ouvida em plenário a garota de programa amiga de Néia que esteve com o grupo momentos antes do crime. As duas foram contratadas pelos rapazes, mas quando estavam quase em frente ao Motel Chega Mais, a mulher desconfiou da situação e então saiu do carro em movimento.
Ela relata que foi agredida por Leonardo e que este aparentava comandar os outros dois rapazes. Declarou também que indicou à amiga que iria sair do veículo e que esta mostrou que ficaria.
Ao tentar abrir a porta, a mesma estava travada. Hugo percebeu que ela queria sair e então destravou e ela saltou.
Néia seguiu com os rapazes e foi morta em um matagal atrás do Aeroporto Internacional de Campo Grande. O corpo foi encontrado na manhã do dia 9 e o crime aconteceu durante a madrugada. No local foram recolhidos uma pedra e um tijolo com manchas de sangue.
Não houve relação sexual entre eles. Nem vítima nem réus tinham envolvimentos em crimes. Hugo e Fernando eram universitários. Este último voltou ao curso de Direito após ficar mais de um ano preso. Hugo está desempregado.
Julgamentos- A defesa dos réus Fernando e Leonardo tentaram adiar mais uma vez o júri popular após a mudança de data duas vezes. O juiz negou a alteração para Fernando e adiou para terça-feira (5) o julgamento de Leonardo, que não esteve presente hoje.
O juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, explicou que o réu poderia ser julgado mesmo ausente. A defesa de Leonardo disse que ele passou mal e está no hospital “dopado”.
O Ministério Público Estadual pediu a prisão de Leonardo, que foi indeferida pelo magistrado. O MPE se pronunciou contrário à separação dos julgamentos.