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Capital

Em nota, Delcídio não confirma conteúdo de matéria sobre delação

Ricardo Campos Jr. | 03/03/2016 16:16
Senador afirma desconhecer veracidade dos documentos publicados em revista (Foto: Divulgação IstoÉ)
Senador afirma desconhecer veracidade dos documentos publicados em revista (Foto: Divulgação IstoÉ)
Capa da revista IstoÉ, em que Delcídio revela interferência de Lula e Dilma. (Foto: Reprodução Internet)
Capa da revista IstoÉ, em que Delcídio revela interferência de Lula e Dilma. (Foto: Reprodução Internet)

Em nota encaminhada à imprensa nesta quinta-feira (3), o senador Delcídio Amaral (PT) não confirma os dados contidos na reportagem da revista IstoÉ sobre o depoimento colhido após acordo de delação premiada. O parlamentar afirma desconhecer a origem e a autenticidade dos documentos publicados junto ao texto, que mostram as informações passadas pelo petista à Procuradoria-Geral da República.

O comunicado, assinado pelo petista e por um de seus advogados, diz ainda que nem o parlamentar ou a defesa dele foram procurados pela equipe do veículo de comunicação para se manifestar a respeito dos fatos descritos.

De acordo com a revista, a delação teria sido feita poucos dias antes da liberação do senador, em 19 de fevereiro, depois de quase três meses preso.

Em 400 páginas de depoimento, o senador afirma que o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff atuaram diretamente para atrapalhar a Operação Lava Jato, que investiga desvios na Petrobras.

O acordo, no entanto, ainda não teria sido homologado pelo ministro e relator do caso no STF (Supremo Tribunal Federal), Teori Zavaski, por conta de uma cláusula de confidencialidade de seis meses pedida pelo senador, o que não foi aceito.

A estratégia, detalha a revista, seria para não atrapalhar o processo de cassação que corre contra Delcídio no Senado, por isso as constantes negativas do parlamentar em uma possível delação. Segundo a publicação, o senador afirma que a presidente Dilma tentou por três ocasiões interferir na Lava Jato, da qual a mais grave trata-se da nomeação do ministro Marcelo Navarro para o STJ. A função dele seria cuidar do “habeas corpus e recursos da Lava Jato no STJ”.

Ela também teria tido participação na indicação de Cerveró, antes atribuída apenas a Lula e José Eduardo Dutra, ex-presidente da BR Distribuidora, falecido no ano passado. Mas segundo Delcídio, a atuação de Dilma foi “decisiva”. As revelações têm, segundo a revista, o potencial de acelerar o processo de impeachment da presidente, no Congresso.

Na semana da definição da estratégia, então, Delcídio contou que esteve com Dilma no Palácio da Alvorada para uma conversa privada. Segundo a publicação, os dois conversavam enquanto caminhavam pelos jardins da Alvorada, quando a presidente solicitou que Delcídio, na condição de líder do governo, “conversasse como o desembargador Marcelo Navarro, a fim de que ele confirmasse o compromisso de soltura de Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo”, da Andrade Gutierrez.

Sobre o ex-presidente Lula, o senador revelou que ele foi o mandante de pagamentos à família de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobas, este, por sua vez, pivô da prisão de Delcídio em 25 de novembro. A revista confirma, inclusive divulga trechos do que seriam os documentos da deleção, que Lula pediu “expressamente” para Delcídio intervir.

Isto porque, José Carlos Bumlai, amigo de Lula, poderia ser implicado em depoimento de Cerveró, que mantém acordo de delação premiada com a justiça. Segundo Delcídio, a primeira remessa de R$ 50 mil foi entregue em mãos por ele mesmo ao advogado do ex-diretor. Outros repasses, que somariam R$ 250 mil, já teriam sido feitos.

Ainda segundo a revista, as delações não tratam especificamente da Lava Jato; Delcídio fala ainda do “Mensalão”, escândalo de corrupção ainda no governo do PT, em 2006. De acordo com o senador, Lula e Antonio Palocci articularam o pagamento a Marcos Valério para que ele se calasse sobre o escândalo.

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