Em várias fases, obra na 14 de Julho passou da crítica ao apoio em 380 dias
Revitalização foi lançada em maio do ano passado e primeiro gerou desconfianças, diante da transformação na via histórica
No dia 15 de maio de 2018, o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), assinou o contrato que, talvez, fique marcado como sua principal realização como gestor da capital sul-mato-grossense. Saia do papel, ali, a obra de revitalização da Rua 14 de Julho, vitrine do comércio da cidade durante décadas, então desgastada, envelhecida do jeito ruim, com mais de 200 prédios fechados no seu entorno. Hoje, 380 dias depois, com “tudo diferente”, a “nova 14” será entregue à população, a tempo do Natal e depois de vencer desconfianças, que não foram poucas.
Em 17 meses de obras, foram muitas “fases”, desde a largada definitiva, em 4 de junho de 2018. Primeiro de expectativa do comércio, que se mostrava aberto às transformações no lançamento da ordem de serviço. Depois vieram as queixas sobre a redução nas vendas e do movimento, iniciada quando começaram as interdições das quadras para o andamento da verdadeira transformação feita.
Não foi pouca coisa: a fiação desceu para o subsolo, limpando o cenário, o piso de asfalto foi substituído pelos charmosos paralelepípedos, as calçadas aumentaram, e, importante, a via foi equipada nova estrutura subterrânea para escoamento da água e recebimento da parafernália tecnológica de telefonia e energia elétrica e TV por assinatura.
Barro no centro – A partir de agosto e setembro, as queixas se avolumaram, com a evidência de que o trecho de 1,4 km sob intervenções ia estar “bagunçado” para o Natal. Durante uma das chuvas típicas da época, a 14 de Julho foi invadida pelo barro, numa cena incomum há décadas.
Com o Natal chegando, a chiadeira dos lojistas se intensificou e chegou-se a um acordo: as obras seriam paralisadas, para não prejudicar tanto as vendas de fim de ano. Em janeiro, foram retomadas. Em cada uma, eram cerca de 20 dias.
Mas ao longo dos meses, os ânimos foram se transformando, à medida em que a via foi ficando mais bonita e mais tem estruturada.
Em julho deste ano, o Campo Grande News revelou: moradores já frequentavam o lugar de cara nova e pediam a abertura das lojas. No fim de agosto, em meio às comemorações do aniversário da cidade, uma atividade cultural mostrou o caminho futuro da via: a moda tomou conta da rua, levando cultura e gente para um espaço antes escuro e abandonado fora do expediente comercial.
A partir de setembro, uma fase decisiva começou: o processo de substituição da fiação à vista pela subterrânea. Essa etapa foi concluída em novembro, com a retirada dos antigos postes de energia.
Desafiadora – Gerente do contrato pela Engepar, empreiteira responsável pela maior parte dos trabalhos, o engenheiro civil Thiago Gonçales afirma ter sido essa a fase mais complexa, até por ser responsável pela maior mudança na 14, com o sumiço dos fios que deixavam o lugar feio. O trânsito tumultuado foi outro complicador do tempo de intervenções.
“O desafio quando ele foi dado, a gente nem imaginava as proporções. A gente acreditou no impossível e conseguimos realizar e está sendo gratificante. No começo apanhava muito e hoje é elogiado”, rememora. De acordo com ele, em torno de 470 trabalhadores tiveram participação ao longo dos serviços. (Confira no quadro no fim da matéria outros números do empreendimento).
De outubro para cá, outra mudança significativa na paisagem, a colocação de plantas ornamentais, em meio aos bancos que poderão ser usados pelos frequentadores. “o desafio quando ele foi dado, a gente nem imaginava as proporções. A gente acreditou no impossível e conseguimos realizar e está sendo gratificante. No começo apanhava muito e hoje é elogiado”.
Para quem está desde o início defendendo a “nova 14”, a data de hoje é especial. A definição da coordenadora de projetos da prefeitura, Catiana Sabadin, resume esse sentimento:
“Eu acho que hoje só entende o projeto e vê a eficiência quem for na 14 de Julho”, aconselha. “A gente retirou espaço dos carros para dar para as pessoas”, prossegue.
“É um novo conceito de urbanismo, em que as pessoas têm direito a usufruir dos espaços públicos”, afirma. “Esse conceito foi muito criticado, mas fico muito feliz de ouvir as pessoas que criticavam e agora começam a ver a eficiência da proposta”.
A conclusão sobre o significado para a população dada por Catiana é que o lugar “deixa de ser experiência de compra e passa a ser possibilidade de lazer e de passeio”. Para ela, é um “divisor de água em termos de intervenção pública”.
“É marco histórico, além da importância da afetividade do campo-grandense pela 14 de Julho”, sintetiza. Em obedediência ao resgate histórico, inclusive, o cruzamento com a Afonso Pena ganhou novamente um relógio, com hora certa e temperatura.
A definição de Catiana sobre o resultado para quem defendeu sempre a ideia é simples e direta. “A equipe está emocionada”.