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Capital

Equipamentos garantem à PF rapidez em operações como Lama Asfáltica

Paulo Yafusso | 11/06/2016 09:56
Perito criminal federal Marcelo Abdalla usa o equipamento Ufed na perícia de celulares apreendidos na Fazendas de Lama (Foto: Paulo Yafusso)
Perito criminal federal Marcelo Abdalla usa o equipamento Ufed na perícia de celulares apreendidos na Fazendas de Lama (Foto: Paulo Yafusso)

Você já percebeu que têm sido cada vez mais frequentes as operações da Polícia Federal, principalmente as grandes ações como a Lava Jato e, em nível regional, a Lama Asfáltica? Pois isso é resultado de investimento em tecnologia e da adoção de metodologia que tem garantido maior agilidade e eficiência, principalmente na área da perícia.

Desde que foi deflagrada, em 17 de março de 2014, a Polícia Federal realizou no mês passado a 30ª fase da investigação sobre corrupção na Petrobrás. Já a Operção Lama Asfáltica, teve início em 9 de julho do ano passado, pela PF de Mato Grosso do Sul, CGU (Controladoria-Geral da União), Receita Federal e MPF (Ministério Público Federal), para apurar desvio de recursos federais na execução de obras no Estado.

A segunda fase, denominada Fazendas de Lama, foi realizada no dia 10 de maio deste ano, com a prisão temporária de 15 pessoas, oito delas presas ainda preventivamente. Também foram apreendidos cerca de 100 equipamentos de informática e 40 celulares que estão sendo periciados.

E o maior avanço tem sido na área da informática, como explica os peritos criminais federais Pedro Monteiro da Silva Eleutério e Marcelo Abdalla. No aspecto da metodologia de trabalho, Pedro Eleutério explica que, antes, era gerado um relatório para cada equipamento de informática apreendido, como HDs, pen-drives, cartões de memória, e esse documento encaminhado para a equipe de investigação.

Isso demandava muito tempo. A PF adotou então, em nível nacional, o procedimento de primeiro fazer a triagem e com base nas informações extraídas a investigação define o que vai ser trabalhado de informação contida em equipamentos onde estão os dados. “Isso evita de perdemos tempo buscando dados que não interessam à investigação”, afirma Eleutério.

Marcelo Abdalla explica que numa investigação criminal a perícia tem um papel importante, pois dá “transparência e robustez às provas”. E ele enfatiza que o resultado da perícia tanto pode fortalecer as provas da acusação, como ser favorável à defesa do acusado, pois trata-se da “verdade real”, ou seja, não há como contestar o que foi obtido por meio da ciência e tecnologia.

Falando em tecnologia, a Polícia Federal dispõe hoje de equipamentos de ponta no setor de perícia na área da informática. Hoje, os peritos conseguem recuperar praticamente tudo que está na memória dos equipamentos de informática e celulares, mesmo o que foi deletado.

Para a perícia em equipamentos de informática, a Polícia Federal de Mato Grosso do Sul conta com oito Tableau TD3 para a unidade de Campo Grande e duas em Dourados. Com ele, é extraído todos os dados contidos nos HDs e pen-drives, por exemplo.

Outro é o Ufed, usado na perícia de celulares, considerado um dos mais modernos do mundo e usados pelas principais policias como a CIA e o FBI. Fabricado pela Cellebrite com tecnologia israelense, o equipamento permite recuperar dados deletados de celulares, mesmo quando o aparelho estiver danificado.

Marcelo Abdalla fala de um caso citado com frequência nos treinamentos da fabricante. Em um ataque terrorista, foi encontrado um fragmento do celular usado para detonar a bomba, e a partir da análise desse circuito, com o uso do equipamento Ufed, chegou-se ao dono do aparelho. Segundo os peritos, quase sempre é possível recuperar tudo que está na memória do aparelho e que é invisível aos usuários.

Na perícia também existem regras de preservação das provas, por isso o trabalho não é feito diretamente nos equipamentos apreendidos. Primeiro são feitos “clones”. Para os equipamentos de informática, isso é feito com o Tableau TD3 e nos celulares pelo Ufed. Tudo é feito nessas cópias.

Segundo Abdalla, no caso da perícia nos celulares é usado um “chip virgem” fornecido pela fabricante, para que seja interrompida a comunicação entre o aparelho e a operadora. Isso evita, por exemplo, que o usuário que teve o aparelho apreendido, mesmo a distância, bloqueie o celular ou delete dados. Ele explica que, como as provas precisam ser preservadas, feitas as cópias os HDs, pen-drives e celulares são colocados em embalagens lacradas.

Com relação aos equipamentos de informática, Pedro Eleutério explica que feita a cópia, é gerado uma índice que permite aos investigadores fazerem as buscas das informações necessárias à investigação, e isso pode ser feito por palavra-chave, por exemplo. A partir daí, o delegado que coordena o trabalho solicita aos peritos o levantamento de dados que interessam ao inquérito.

Marcelo Abdalla foi o primeiro perito da área de informática da Polícia Federal de Mato Grosso do Sul, há 18 anos. Na época, o trabalho era manual. Segundo ele, a modernização da PF começou há 10 anos, com o projeto Promotec/Pro-Amazônia, em que o Brasil assinou acordo com os governos da França e da Alemanha, para o aparelhamento da PF.

Ele diz que além da questão tecnológica, a qualificação dos peritos criminais federais tem sido importante no resultado das operações. Cita que a PF é uma das únicas que exige na perícia a formação específica na área. Em Campo Grande, são cinco peritos na área da informática, todos com mestrado e outras especializações. Em Dourados, existe apenas um profissional nesse setor.

Outra característica citada por ele do potencial dos profissionais da PF brasileiro é a capacidade e a versatilidade. Marcelo Abdalla mesmo ganhou uma viagem onde participou de um curso, ao vencer um concurso da Cellebrite, em que sugeriu o aperfeiçoamento o programa do Ufed e a fabricante adotou o que foi sugerido.

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