Escola reclama de obra do Exército e tem perfil bloqueado na internet
Direção não descarta possibilidade de pessoas ligadas ao Executivo Municipal terem denunciado o perfil
O perfil da escola Desafio Educacional foi bloqueado no Facebook após a diretora da unidade fazer uma transmissão de vídeo ao vivo reclamando da obra do Exército na Rua Guia Lopes, bairro Amambai. De acordo com a diretora da unidade, Giedre Costa, o corredor de ônibus que está sendo feito na via fica do lado esquerdo, rente a calçada da unidade, e com isso ela pedia a ajuda de pais para uma movimentação.
"Eu fiz a transmissão ao vivo falando sobre o corredor de ônibus e estava mobilizando vários pais, que também não concordam, para uma manifestação", relatou.
A obra faz parte do convênio do Exército com a Prefeitura de Campo Grande e prevê o recapeamento de 12,11 quilômetros de vias, no valor de R$ 24 milhões. Para a escola o problema é a instalação do corredor de ônibus que vai, segundo a direção, colocar em risco os cerca de 200 alunos e atrapalhar os pais nas horas de entrada e saída.
Sobre o bloqueio do perfil no Facebook ela diz que não pode acusar ninguém, mas não descarta a possibilidade de pessoas ligadas ao Executivo Municipal terem denunciado.
"Acreditamos que foram pessoas que trabalham para autoridades que começaram a denunciar o perfil. Tem muita gente que mexe com os interesses da prefeitura e não precisa muito para tirar do ar", lamentou.
Giedre relata que houve vários comentários de perfis falsos nas publicações que críticam o corredor de ônibus e logo após o perfil ficou fora do ar. "Fiquei das 18h às 22h bloqueando hackers falando mal da nossa luta. A gente tem a liberdade de falar o que quer e tiro quem quiser. Tem a lei maior do dinheiro e tem uma maior que é de Deus, mas a gente vai chegar lá", declarou.
O perfil foi bloqueado por volta das 23h desta quinta-feira (16) e ainda não foi retomado.
Dificuldade - Com uma filha de dois anos estudando no local, a professora Larissa Trelha reclamou do corredor e disse que o local vai dificultar a chegada de pais e alunos na unidade.
"A gente pode estacionar para embarque e desembarque, vai acabar essa faixa. Imagina um pai ou uma mãe com duas crianças tendo que atravessar a rua porque não pode estacionar na frente da escola?", indagou.
Outra reclamação é velocidades dos carros que passam pela via. "O ônibus vai passar correndo e a gente vai ter que estacionar longe. A rua começa na Avenida Afonso Pena e depois vira a Brilhante, tem muito carro que passa ali", relatou.
Prefeitura - Tentando convencer o prefeito, Marquinhos Trad (PSD), Giedre disse entregou um oficio na Prefeitura de Campo Grande pedindo alteração na obra e falou por telefone com o administrador da cidade.
"O prefeito me disse que o secretário de obras ia me ligar, mas até agora não ligou. Falei com ele na quarta-feira e estou aguardando", ressaltou.
Entre as medidas para pressionar uma mudança no projeto, está a possível interdição da rua com a colaboração dos pais e responsáveis por alunos. "A escola está se movimentando, os pais estão se movimentando. Vamos para a rua enquanto o prefeito não der uma solução para esse problema gravíssimo", afirmou.
Por meio da assessoria de imprensa, a Prefeitura de Campo Grande informou que o ônibus vão circular pela esquerda em toda a via e a frente da escola será sinalizada, conforme prevê a legislação do trânsito.
Conforme a nota da assessoria, haverá sinalização vertical com placas indicativas e horizontal com travessia pedestres e estudantes.
“O projeto prevê uma urbanização ampla. Além das vias, serão colocados abrigos, estações, calçadas, iluminação, ciclovias, acessibilidade e o mais importante: a sinalização especial para aumentar a velocidade média dos ônibus e dar mais conforto para os usuários", diz a nota.
A Prefeitura não se manifestou sobre oficio que foi entregue pela direção da escola.