Escolas particulares mantêm aulas, mas de janelas abertas e com “blitz da febre”
Instituições privadas aguardam orientação para suspender funcionamento, como feito na rede municipal
Escolas particulares de Campo Grande optaram por manter as aulas normais nesta segunda-feira (16), um dia depois da prefeitura decidir suspender o funcionamento das unidades da Reme (Rede Municipal de Ensino) para frear a disseminação do novo coronavírus. As medidas de precaução e higiene nas instituições privadas vão desde a disposição de álcool em gel nas salas e banheiros até “blitz” para medir febre das crianças.
Com 1,4 mil estudantes, o Colégio Dom Bosco, no Centro da cidade, aguarda determinação das secretarias de Estado de Saúde (SES) ou Educação (SED). Enquanto o posicionamento não chega, as aulas são mantidas, mas com série de iniciativas que alteraram a rotina dos alunos.
Segundo o colégio, as aulas são realizadas de portas e janelas abertas. Os banheiros ganharam reservatórios de álcool em gel e cartazes com orientações para higienização da mãos foram espalhados pelos murais. Os corrimões das escadas são limpos com maior frequência.
Marilene Gimenez, de 65 anos, avó do Miguel, do 2º ano do Colégio Dom Bosco, leva o neto à escola todos os dias. Ela conta que já havia tomado medidas de prevenção, como sair mais cedo para ir a pé até a unidade e não ter de pegar ônibus com a criança, mas não vai se opor se a instituição decidir suspender as aulas. “Se suspender, vamos ficar nós dois em casa”.
Ela prefere que o neto fique um tempo fora da escola. “Na sexta-feira (13) conversei junto com mais seis mães pra ver se a coordenação ia suspender as aulas, ainda não deram uma confirmação, mas eu mesma estou me prevenindo, mando o próprio álcool gel na mochila. A gente sai muito pra praça e shopping, já cortei isso também”.
Elizandra José Ifran, 42, mãe do João Pedro, do 4º ano, discorda. “Os alunos estão recebendo álcool nas mãos antes de começar a aula, já dentro da sala”.
Ela conta ainda que na sala do filho há poucas crianças, somente 16. “Não adianta suspender as aulas se as pessoas não forem ficar em casa. Os shoppings estão abertos e não vai suspender andar de ônibus, que são lotados. O que adianta? Vai todo mundo se aglomerar em outro lugar”.
Em meio aos livros e cadernos, João Victor Alexandre, 15, do 1º ano do Ensino Médio, carrega o próprio álcool em gel na mochila. O estudante não vê problemas na possível suspensão das aulas.
“Não vai atrapalhar o nosso ano letivo, vão ser poucos dias. Eu moro em Terenos e venho todo dia pra cá só pra escola, lá não há tanta preocupação assim, porque não tem nenhum confirmado e é 'longinho' de Campo Grande. Mesmo assim, eu ando com o meu próprio álcool em gel na mochila”.
Blitz - No colégio Le Irdark, localizado no Bairro Chácara Cachoeira, foi montada uma “blitz” em frente ao portão de entrada. Enfermeira fiscaliza criança por criança, com aferimento de temperatura do corpo. Quem passar do 37,7°C, é mandado de volta para casa.
Os alunos ainda ganham álcool em gel nas mãos antes de entrar. Mãe do Miguel, de 4 anos, a dona de casa Mayara Duailibi, 33, aprovou a medida.
“Achei super importante, bem bacana. A escola ainda não fala em suspender as aulas, então, nesse primeiro momento, foi a medida cabível”.
Segundo ela, as 300 crianças que estudam no colégio ainda receberam materiais ilustrativos na semana passada. “As apostilas dizem que não é hora de beijar, de abraçar, ensinam a lavar as mãos”.
Secretária da Le Irdark, Ericka Miguel disse que a escola optou por manter as aulas a fim de atender aos pais e responsáveis que não têm com quem deixar os filhos.
“A orientação é não deixar com os avós, que estão no grupo de risco”. Ericka revelou ainda que uma parte dos estudantes faltou hoje.
A escola Afetiva, no Carandá Bosque, aguarda orientação das secretarias de Educação para definir sobre a suspensão das aulas. A direção da instituição recomendou pais que viajaram para fora do Estado ou outros países a aguardar 15 dias antes de mandar o filho para o colégio.
No local, as crianças formam fila para lavar as mãos e receber borrifada de álcool em gel.
Até agora, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) confirmou dois casos do novo coronavírus em Campo Grande.