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Capital

"Estava muito feliz grávida", conta a tia sobre jovem morta junto com a filha

Por várias vezes, a família tentou alertar a jovem sobre relação abusiva, mas não teve tempo para salvá-la

Geisy Garnes | 20/08/2021 11:25
Jack tinha 22 anos e estava grávida de 8 meses (Foto: Redes Sociais)
Jack tinha 22 anos e estava grávida de 8 meses (Foto: Redes Sociais)

A morte de Jackeline da Costa Melo, degolada com uma faca de serra pelo companheiro e assassinada com o filho ainda na barriga, releva uma história compartilhada por milhares de mulheres em todo o país. Enquanto sonhava com uma família, a campo-grandense de apenas 22 anos vivia um relacionamento abusivo, marcado por agressões, controle e desrespeito. Por anos, a família tentou alertar, mas não houve tempo para salvar Jack e nem a filha, Maria Alice, mortas em Aracaju, capital de Sergipe.

Em meio ao choque, Luciara Melo, de 44 anos, tenta entender o que aconteceu com a sobrinha. Ainda é difícil acreditar que a menina que viu dar os primeiros passos anos atrás foi brutalmente assassinado pelo homem que amava. Jackeline, conta, tinha o coração de ouro, era engajada na proteção dos animais e era amada por toda a família.

Foi criada pela avó, terminou o ensino médio e começou o curso de direito, mas em 2017 viu a vida mudar com a chegada de Edielson Santos Vidal, de 31 anos. Eles se conheceram em um aplicativo de relacionamento, na época, o rapaz morava no interior de Mato Grosso do Sul, mas acabou vindo para Campo Grande por causa do namoro.

A partir do momento que entrou na vida dela, foi para destruir”, diz tia da vítima.

O namoro ficou sério e Edielson chegou a morar com Jack na casa da família. Foi neste período que o perfil abusador veio à tona. De perto, a família acompanhou a estudante ser agredida pelo companheiro. A violência não parou por aí e ele também tentou abusar da própria cunhada, além de extorquir a avó da namorada.

Casal morava no nordeste desde o ano passado (Foto: Redes sociais)
Casal morava no nordeste desde o ano passado (Foto: Redes sociais)

A insatisfação da família com o relacionamento aumentou e todos tentaram alertar Jack sobre Edielson. Apaixonada, ela não ouviu e chegou a parar de falar com alguns parentes por um tempo. “Ele exercia um domínio psicológico sobre ela e ainda levou ela para longe, onde tinha o domínio completo, a família não tinha nenhum ponto de contato”, lamentou.

No ano passado, Jack largou tudo em Campo Grande – faculdade, vida confortável ao lado da família – para morar com Edielson no Nordeste. Longe, Luciara diz acreditar que a situação de abuso piorou. “Ela diminuiu o contato, quando ligava sempre ficava olhando pro lado, como se ele estivesse sempre presente, controlando. Uma vez ele apareceu com a mão cortada, já vinha sofrendo várias agressões”, lamentou.

“Minha mãe tentou de tudo, chegou a comprar passagem para ela. Falou para ela largar tudo e voltar com a roupa do corpo, mas em um relacionamento abusivo é difícil convencer a pessoa. Você quer tentar entender, para aceitar, mas você não consegue encontrar algo coerente”, disse Luciara em meio ao desespero.

Entre a família, todos temiam o que poderia acontecer com Jack e o sentimento de angustia piorou com a gravidez. “Entre a família, tinha esse pesadelo, essa agonia. Você sabe que alguém da sua família vivendo com um abusador e não pode fazer nada”. Todo o medo foi repassado para Jackeline, mas em reposta ela apenas falou que vivia o sonho de ter uma família. “Queria muito ter uma família, estava muito feliz em estar grávida”.

A morte de Jack, conta a tia, não encerrou apenas os sonhos de uma jovem de 22 anos, mas também de um bebê que sequer teve a chance de nascer. “Minha sobrinha tinha uma vida para a frente. Mas ele não tirou só a chance de vida da Jakeline, tirou a chance de vida da filha dele. Matou a filha dele. Quem faz isso? Quem mata uma mulher grávida?”.

Para Luciara, o assassinato brutal foi premeditado, já que a sobrinha foi imobilizada e degolada de forma cruel, além de ser deixada ferida por horas. “Foi crime de ódio, crime de frieza, praticado devagar”. Ela ainda rebateu a suposta motivação apresentada pelo assassino, de que foi traído pela mulher. “Como uma mulher grávida de 8 meses, que tinha a vida controlada e estava em um lugar em que não conhecia ninguém vai trair?”.

Além disso, os parentes de Jack acreditam que Edielson Santos Vidal foi acobertado pela família, que mora em Aracaju e não deu auxílio a jovem. “A forma que ele matou ela foi muito brutal. Uma coisa barbara, de terrorismo. Minha sobrinha morreu sozinha, sem poder se defender. Mas ela era muito amada e tem uma família para lutar por justiça”.

Suspeito foi preso em flagrante (Foto: Redes Sociais)
Suspeito foi preso em flagrante (Foto: Redes Sociais)

 O crime – Segundo portal F5 News, o casal morava há 10 dias na casa em que o crime aconteceu, na Travessa Santa Cecília, no Robalo, Zona de Expansão de Aracaju. Sequer tinham contato com os vizinhos, mas foram eles que alertaram a polícia após ouvirem os gritos da jovem durante a madrugada.

Quando a polícia chegou ao local, encontrou Jackeline sem vida. Equipes do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegou a ser acionado, mas não tiveram como salvar mãe e bebê, uma menina.

Depois de degolar a mulher, Edielson saiu de casa, mas voltou horas depois e acabou preso em flagrante. Aos policiais, ele confessou o crime e afirmou ter matado a mulher grávida porque foi traído por ela. Além do assassinato, a polícia investiga se o autor mantinha a jovem em cárcere privado, isso porque vizinhos relataram nunca ter visto ela sair de casa, apenas Edielson.

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