Evangélica e esportista, estudante morta em briga queria ser dançarina
Um crime banal, ocorrido no caminho da escola e dentro de um terminal de ônibus, interrompeu os sonhos da estudante Luana Braga Vilella, 16 anos, que queria ser dançarina profissional. Adepta do basquete e futsal, e integrante do grupo de dança de rua da Igreja Sara Nossa Terra, a adolescente foi morta a facadas ao tentar defender a amiga em uma confusão no Terminal Nova Bahia, em Campo Grande, na tarde de terça-feira (03). “Eu só fui separar a briga”, teria dito ela ao pai enquanto recebia atendimento médico, ainda consciente.
Amigos e familiares estão bastante abalados com o caso, mas durante velório na manhã desta quinta-feira (05), eles relataram as boas lembranças que a garota deixa – a mãe está sob efeito de medicamentos.
A namorada, Aline Flores, 15 anos, afirmou que o objetivo de Luana era se profissionalizar como dançarina de hip-hop. A vítima dançava há cerca de quatro meses, da mesma época em que conheceu Aline. “Eu a acompanhava em todas as apresentações”, disse a namorada, lembrando que no momento do crime, a esperava no Terminal General Osório. “Ela me ligou e disse que logo chegaria. Era uma pessoa protetora e só queria o bem”.
Rafaela Silva, 15, reforçou o lado protetor da amiga assassinada. “Ela tentou ajudar e não queria causar mais confusão. É difícil perder uma pessoa assim, que estava ali para proteger uma amiga”, completou.
A briga – O crime ocorreu no final da tarde de terça, testemunhado, entre outras pessoas, por uma amiga de 14 anos que preferiu não se identificar. A menor relatou que Luana estava com um grupo de colegas de escola e, ao descer do ônibus no Terminal Nova Bahia, flagrou a confusão. “Ela viu a amiga brigando e tentou separar”, explicou.
Segundo apurado até o momento, a vítima tentou acalmar os ânimos das outras meninas envolvidas e recebeu um golpe de faca na barriga. A amiga que ela tentou defender também foi atingida no braço. O motivo do desentendimento seria ciúmes de um relacionamento homoafetivo entre duas adolescentes. A autora se apresentou ontem à polícia.
A família – O mestre de obras Odair Lemes Castro, 49 anos, lembrou dos tempos que segurou Luana no colo. Para ele, a sobrinha era muito carinhosa e sempre mandava mensagens positivas por meio do celular para todos os familiares. “A peguei no colo e sei que ela amava muito a gente. Luana expressava o que estava em seu coração. Era uma menina do bem”, relatou.
A irmã Yasmin Braga Villela, 15 anos, vai sentir falta das conversas confidenciais que elas tinham todas as noites antes de dormir, no quarto em que dividiam. “A lembrança que fica é de uma irmã carinhosa, companheira, alguém com que eu podia contar o tempo todo. Eramos bem próximas, até pela pouca diferença de idade”, disse.
O talento esportivo de Luana era uma de suas virtudes, mas a tia Inês Silva Vilella, 41 anos, técnica em enfermagem, diz que a bondade da sobrinha jamais será esquecida. “Menina carinhosa que sempre esteve ao lado da família”.