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Capital

Ex-militar da Aeronáutica vai a júri por assassinar esposa com "mata-leão"

Julgamento foi marcado para outubro. Tamerson é acusado de feminicídio e ocultação de cadáver

Mirian Machado | 02/08/2022 15:59
Tamerson saindo logo após prestar depoimento nessa segunda-feira no Fórum. (Foto: Paulo Francis)
Tamerson saindo logo após prestar depoimento nessa segunda-feira no Fórum. (Foto: Paulo Francis)

Tamerson Ribeiro de Lima Souza,  vai a júri popular por matar estrangulada com golpe de “mata-leão” a esposa, Natalin Nara Garcia de Freitas Maia, 22 anos. O crime ocorreu em fevereiro deste ano, na casa do casal, no residencial Oliveira em Campo Grande.

O julgamento foi marcado para o dia 5 de outubro deste ano às 8h no plenário do Tribunal do Júri.

A denúncia descreveu no processo que o réu agiu por motivo torpe, pelo fato a vítima ter chegado em casa embriagada e o xingado. Outro agravante seria por que há indícios de que a filha do casal, de 4 anos, estava no imóvel durante o crime e teria presenciado. Tamerson ainda ocultou o corpo de Natalin em um matagal.

Durante todo o processo 15 testemunhas foram ouvidas, entre familiares, amigos e agentes da segurança pública que atenderam a ocorrência, desde o achado de cadáver até a prisão do suspeito.

Foi constatado a materialidade com indícios suficientes de autoria, segundo consta no processo e por esse motivo o acusado será submetido a julgamento.

“Por fim, designo o julgamento do referido acusado no plenário do júri para o dia 05 de outubro do fluente ano, as 08h, oportunidade em que os laudos requeridos pelo MP, com a ciência da defesa, deverão estar nos autos, devendo o cartório diligenciar neste sentido.”, diz a sentença.

Nas redes sociais, postagem da época do casamento, em 2016. (Foto/Reprodução)
Nas redes sociais, postagem da época do casamento, em 2016. (Foto/Reprodução)

Interrogatório- Durante interrogatório na audiência de instrução ocorrido nessa segunda-feira (1°) Tamerson relatou arrependimento. Contou que não tinha intenção de matar a esposa e que queria apenas contê-la, já que estava desequilibrada e o agredindo.

Disse ainda que se pudesse, voltava no tempo. “Eu a amava muito, apesar de tudo, sempre a apoiei. Nunca quis fazer mal para ela. Sempre tive a consciência de não agredir mulher. Me arrependo muito de ter segurado ela, aquele dia. Se eu pudesse voltava atrás e apagava aquele dia”.

O ex-sargento, expulso da Força Aérea meses após o crime, contou que conviveu com a jovem por quatro anos e que as brigas entre os dois eram frequentes. O feminicida confesso afirmou que a moça era muito violenta. Durante as discussões do casal, ela o xingava e lhe agredia fisicamente, com socos, chutes, arranhões e mordidas. “Qualquer coisa” era motivo para a esposa se alterar, afirmou.

Questionado sobre o porquê manter um relacionamento tão difícil, Tamerson afirmou que toda vez que era agredido, acreditava que seria a última. “Sempre quis manter a família unida, sempre achava que seria a última vez. Só quem já passou por violência doméstica, sabe como é”.

O réu contou que no dia do crime, era por volta das 20h quando a mulher saiu de casa para encontrar amigos e só voltou entre 1h e 2h daquela sexta-feira. Natalin estava embriagada, segundo Tamerson, o que a deixava mais agressiva.

Os dois brigaram e no corredor da casa, ela teria começado a jogar objetos contra ele e chutar as portas da casa. Tamerson afirma que quando Natalin foi para cima dele, tentou segurá-la, com um braço em volta do pescoço e o outro passando pela barriga da esposa, que continuava a se debater, até que desfaleceu. “Uma hora ela parou de se mexer. Senti uma tontura, dor de cabeça e entrei em desespero”.

A partir da aí, o réu não respondeu mais as perguntas. Usou o direito de ficar em silêncio para não explicar porque não acionou o socorro, se a filha do casal presenciou o assassinato, se ele tentou verificar se Natalin estava respirando e tinha batimentos, como colocou o corpo no carro, dentre outros questionamentos.

Viaturas da Polícia Civil e da pax plantonista, no local onde a vítima foi encontrada morta. (Foto: Direto das Ruas)
Viaturas da Polícia Civil e da pax plantonista, no local onde a vítima foi encontrada morta. (Foto: Direto das Ruas)

O caso – No dia 6 de fevereiro deste ano, o corpo de Natalin foi encontrado na margem da BR-060, saída para Sidrolândia. A investigação aponta que a jovem foi morta em casa. Tamerson Souza alegou ter sido agredido pela esposa, que chegou embriagada e sob efeito de drogas. Para se defender, tentou segurá-la aplicando um golpe mata-leão e mulher desmaiou. O ex-militar justificou que  não teve intenção de matá-la.

Com medo de ser preso, Souza colocou o corpo no porta-malas do veículo e, no outro dia, levou a filha para a escola com o corpo dentro do carro. Ele deixou a menina e depois seguiu para a rodovia e jogou o cadáver em meio a um matagal.

Quando a polícia chegou à casa do casal e o questionou sobre Natalin, disse que a esposa havia ido embora. Também tentou despistar as amigas dela, respondendo as mensagens no celular e se passando pela vítima. Segundo investigação, chegou a dizer para a filha, antes de o corpo ser localizado, que a mãe passou mal e morreu no hospital.

O sargento foi preso no dia 7 de fevereiro. Na Justiça, foi denunciado por homicídio triplamente qualificado pelo motivo torpe, asfixia e feminicídio, além da ocultação de cadáver.

Tamerson Souza quando foi preso no dia 7 de fevereiro, em Campo Grande. (Foto/Arquivo: Kisie Ainoã)
Tamerson Souza quando foi preso no dia 7 de fevereiro, em Campo Grande. (Foto/Arquivo: Kisie Ainoã)


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