“Apagaria aquele dia”: ex-militar que matou esposa fala sobre arrependimento
Tamerson Ribeiro de Lima Souza foi interrogado por acusação e defesa, na frente de juiz, nesta segunda-feira
Ouvido pela segunda vez em juízo, depois de problemas técnicos com a gravação do primeiro interrogatório, o ex-militar da Aeronáutica, Tamerson Ribeiro de Lima Souza, falou sobre arrependimento. Ele já havia contado no depoimento prestado à Polícia Civil como era o relacionamento conturbado com Natalin Nara Garcia de Freitas Maia, 22 anos, e como a matou com um golpe tipo “mata-leão”, na madrugada do dia 4 de fevereiro deste ano.
Nesta segunda-feira, dia 1º, repetiu a sua versão, de que não tinha a intenção de cometer o feminicídio e disse que se pudesse, voltava no tempo. “Eu a amava muito, apesar de tudo, sempre a apoiei. Nunca quis fazer mal para ela. Sempre tive a consciência de não agredir mulher. Me arrependo muito de ter segurado ela, aquele dia. Se eu pudesse voltava atrás e apagava aquele dia”.
O ex-sargento, expulso da Força Aérea meses após o crime, contou que conviveu com a jovem por quatro anos e que as brigas entre os dois eram frequentes. O feminicida confesso afirmou que a moça era muito violenta. Durante as discussões do casal, ela o xingava e lhe agredia fisicamente, com socos, chutes, arranhões e mordidas. “Qualquer coisa” era motivo para a esposa se alterar, afirmou.
Questionado sobre o porquê manter um relacionamento tão difícil, Tamerson afirmou que toda vez que era agredido, acreditava que seria a última. “Sempre quis manter a família unida, sempre achava que seria a última vez. Só quem já passou por violência doméstica, sabe como é”.
A noite do crime – O réu contou que era por volta das 20h quando a mulher saiu de casa para encontrar amigos e só voltou entre 1h e 2h daquela sexta-feira. Natalin estava embriagada, segundo Tamerson, o que a deixava mais agressiva.
Os dois brigaram e no corredor da casa, ela teria começado a jogar objetos contra ele e chutar as portas da casa. Tamerson afirma que quando Natalin foi para cima dele, tentou segurá-la, com um braço em volta do pescoço e o outro passando pela barriga da esposa, que continuava a se debater, até que desfaleceu. “Uma hora ela parou de se mexer. Senti uma tontura, dor de cabeça e entrei em desespero”.
A partir da aí, o réu não respondeu mais as perguntas. Usou o direito de ficar em silêncio para não explicar porque não acionou o socorro, se a filha do casal presenciou o assassinato, se ele tentou verificar se Natalin estava respirando e tinha batimentos, como colocou o corpo no carro, dentre outros questionamentos.
A promotora Luciana do Amaral Rabelo, responsável pela acusação, reforçou, ao final do interrogatório, o pedido para que Tamerson seja levado a júri popular por feminicídio, tendo em vista que foi praticado em circunstância de violência doméstica e na presença de descendente.