Facção criminosa resistiu a executar PM para manter “negócios” em MS
A facção criminosa, que surgiu nos presídios de São Paulo, resistiu, no primeiro momento, a ordem do comando para executar um policial militar em Mato Grosso do Sul. O grupo criminoso, segundo apurou a Polícia Civil, temia ter prejuízos nos "negócios". O grupo é o responsável pela execução de um policial militar da reserva em Três Lagoas.
Nesta sexta-feira, o Garras (Delegacia Especializada em Repressão de Roubo a Banco, Assalto e Sequestro), apresentou os integrantes da facção criminosa, que teriam executado o PM aposentado Otacílio Pereira de Oliveira, 60 anos. As investigações revelam que eles temiam prejuízos no tráfico de drogas, atividade encabeçada pelo grupo no Estado. “Alguns integrantes entendiam que ia gerar uma atuação mais pontual da Polícia e isso traz prejuízo para a maioria que trabalha no tráfico”, relatou o delegado do Garras, Márcio Obara.
No entanto a ordem para a execução, segundo a Polícia veio do comando dos estados de São Paulo e Paraná e foram repassadas ao grupo pelo presidiário da Máxima, Marcos Barbosa, 36 anos conhecido como ‘Pinduca’. “Era uma determinação vinda de outros estados para demonstrar a força da facção”, relata o delegado.
Nesta sexta-feira, o Garras responsável por apurar os crimes ligados a facções criminosas, apresentou 10 integrantes que agiram direta e indiretamente na morte de Otacílio. Ao todo são 21 bandidos, contando com o presidiário, oito deles continuam foragidos, um ainda não foi identificado e outro morreu em um confronto com a Polícia.
Segundo o delegado, Otacílio foi escolhido por ser alvo fácil. “A determinação era que fosse eliminado um PM, ele era um familiar, tio de um deles, pouco trabalhava na rua, não andava armado e trabalhou mais na parte administrativa, então era alvo fácil”, disse.
Antes da execução, no dia 7 deste mês, quatro dos integrantes envolvidos diretamente trabalharam levantando a rotina de Otacílio, logística e rotas para a fuga depois dos tiros. Maicon Gomes de Souza, 21 anos, conhecido como Grego foi quem dirigiu o veículo na noite do crime.
As investigações apontaram que João Carlos Olegáro da Silva, conhecido como “Ak”, 19 anos, Jair Costa da Silva, com apelido de Perturbado, 32 anos e Cleverson Messias Pereira dos Santos, chamado de Cabelo, 33 anos, foram os que de fato atiraram em Otacílio.
Cleverson era o sobrinho da vítima e quem indicou o tio como alvo foi Jair, que é considerado o mandante da quadrilha, com ligação direta a facção criminosa e com ascensão hierárquica sobre os demais. Para a Polícia ele negou ser integrante da facção e disse apenas ser “primo leal”, que é alguém que concorda com as ações, mas não é considerado membro. No entanto, as investigações confirmaram o envolvimento dele.
Além de Otacílio, a quadrilha tinha outras vítimas como alvo em Três Lagoas. Policiais militares e outros agentes da Segurança Pública.
Durante a coletiva, o delegado enfatizou o estado de alerta em que a Polícia está. “Na condição de policiais, todos os organismos da segurança pública estão atentos e vão atuar de forma preventiva”, disse.
As prisões começaram no dia 7 de março, logo depois do crime e seguiram com a ajuda da Polícia de São Paulo. Parte dos envolvidos foi presa em Três Lagoas, Presidente Prudente, Castilho e Jales, no interior do estado paulista.
Os outros seis integrantes participaram das reuniões onde foi decidida a execução. Fernando Rodrigues Monteiro, com apelido de da Leste, 21 anos, Jonathan dos Santos Avelino, 22 anos, conhecido como Terrorista, Douglas dos Santos Almeida, o Dodo, de 21 anos, Luiz Felipe Miranda Rios Saito, com apelido de Jamaica, 20 anos, Fabrício da Silva Almerindo dos Santos, 20 anos, chamado de do Nike e Thiago Cintas Bertalia, o Gianechini, de 29 anos.
Todos já tem passagem pela Polícia pelos crimes de roubo, tráfico de drogas e furto e vão responder por homicídio qualificado e formação de quadrilha.
Execução do PM - Otacílio foi assassinado quando chegava em casa. Ele estava pilotando a moto que utilizava para o trabalho como mototaxista e foi abordado por vários bandidos. A vítima foi alvejada por dois tiros nas pernas e dois no abdômen.
A mulher, ao ouvir os tiros, saiu para ver o que havia acontecido e encontrou o marido caído atrás de um carro. O PM ainda foi socorrido para o Hospital Auxiliadora, mas morreu por volta da 1h da manhã do dia 7 de março.