Faltando laudos, juiz adia júri de ex-militar da Aeronáutica que matou esposa
Família da vítima chegou a ir ao Fórum, mas júri foi adiado
O júri popular do ex-militar da Aeronáutica, Tamerson Ribeiro de Lima Souza, acusado de matar a esposa Natalin Nara Garcia de Freitas Maia, estrangulada e depois jogar o corpo às margens da BR-060, que ocorreria nesta quarta-feira (5), foi adiado por falta de laudos da perícia. Os familiares de Natalin chegaram a ir até o Fórum de Campo Grande.
Contudo, o juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Mato Grosso do Sul, afirmou que precisa que todos os laudos estejam juntados ao processo e que "não há outra saída a não ser o adiamento". O júri foi redesignado para o dia 25 de novembro deste ano.
O crime ocorreu no dia 6 fevereiro deste ano. Na denúncia, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul descreveu que o réu agiu por motivo torpe, pelo fato da vítima chegar em casa embriagada e o ter xingado. Além disso, há indícios de que a filha do casal, de 4 anos, presenciou o crime.
Durante todo o processo 15 testemunhas foram ouvidas, entre familiares, amigos e agentes da segurança pública que atenderam a ocorrência, desde o achado de cadáver até a prisão do suspeito. Foi constatado a materialidade com indícios suficientes de autoria, segundo consta no processo e por esse motivo o acusado será submetido a julgamento.
Interrogatório - Durante interrogatório na audiência de instrução ocorrido no dia 1º de agosto, Tamerson relatou arrependimento. Contou que não tinha intenção de matar a esposa e que queria apenas contê-la, já que estava desequilibrada e o agredindo.
Disse ainda que se pudesse, voltava no tempo. “Eu a amava muito, apesar de tudo, sempre a apoiei. Nunca quis fazer mal para ela. Sempre tive a consciência de não agredir mulher. Me arrependo muito de ter segurado ela, aquele dia. Se eu pudesse voltava atrás e apagava aquele dia”.
O ex-sargento, expulso da Força Aérea meses após o crime, contou que conviveu com a jovem por quatro anos e que as brigas entre os dois eram frequentes. O feminicida confesso afirmou que a moça era muito violenta. Durante as discussões do casal, ela o xingava e lhe agredia fisicamente, com socos, chutes, arranhões e mordidas. “Qualquer coisa” era motivo para a esposa se alterar, afirmou.
Questionado sobre o porquê manter um relacionamento tão difícil, Tamerson afirmou que toda vez que era agredido, acreditava que seria a última. “Sempre quis manter a família unida, sempre achava que seria a última vez. Só quem já passou por violência doméstica, sabe como é”.
Dia do crime - O réu contou que no dia do crime, era por volta das 20h quando a mulher saiu de casa para encontrar amigos e só voltou entre 1h e 2h daquela sexta-feira. Natalin estava embriagada, segundo Tamerson, o que a deixava mais agressiva.
Os dois brigaram e no corredor da casa, ela teria começado a jogar objetos contra ele e chutar as portas da casa. Tamerson afirma que quando Natalin foi para cima dele, tentou segurá-la, com um braço em volta do pescoço e o outro passando pela barriga da esposa, que continuava a se debater, até que desfaleceu. “Uma hora ela parou de se mexer. Senti uma tontura, dor de cabeça e entrei em desespero”.
A partir da aí, o réu não respondeu mais as perguntas. Usou o direito de ficar em silêncio para não explicar porque não acionou o socorro, se a filha do casal presenciou o assassinato, se ele tentou verificar se Natalin estava respirando e tinha batimentos, como colocou o corpo no carro, dentre outros questionamentos.
O caso – No dia 6 de fevereiro deste ano, o corpo de Natalin foi encontrado na margem da BR-060, saída para Sidrolândia. A investigação aponta que a jovem foi morta em casa. Tamerson Souza alegou ter sido agredido pela esposa, que chegou embriagada e sob efeito de drogas. Para se defender, tentou segurá-la aplicando um golpe mata-leão e mulher desmaiou.
O ex-militar justificou que não teve intenção de matá-la. Com medo de ser preso, Souza colocou o corpo no porta-malas do veículo e, no outro dia, levou a filha para a escola com o corpo dentro do carro. Ele deixou a menina e depois seguiu para a rodovia e jogou o cadáver em meio a um matagal.
Quando a polícia chegou à casa do casal e o questionou sobre Natalin, disse que a esposa havia ido embora. Também tentou despistar as amigas dela, respondendo as mensagens no celular e se passando pela vítima. Segundo investigação, chegou a dizer para a filha, antes de o corpo ser localizado, que a mãe passou mal e morreu no hospital.
O sargento foi preso no dia 7 de fevereiro. Na Justiça, foi denunciado por homicídio triplamente qualificado pelo motivo torpe, asfixia e feminicídio, além da ocultação de cadáver.