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Capital

Família diz que Name está "senil" e quer interditar empresário judicialmente

Preso desde setembro do ano passado, empresário ofereceu dinheiro a membros do Judiciário e ameaçou policial em audiência

Marta Ferreira | 25/06/2020 14:13
Jamil Name durante interrogatório no presídio federal de Mossoró, onde está desde outubro do ano passado. (Foto: Reprodução de vídeo)
Jamil Name durante interrogatório no presídio federal de Mossoró, onde está desde outubro do ano passado. (Foto: Reprodução de vídeo)

A banca de advogados de Jamil Name, de 81 anos, sob orientação da família dele, avalia formas jurídicas para que o cliente, preso desde setembro do ano passado, seja declarado como alguém legalmente incapaz, diante das declarações recentes do octagenário, feitas em audiências de processos da operação Omertà, que serão investigadas criminalmente. Name está “senil”, nas palavras usadas por defensores e pela família.

Essa condição, segundo alegado,  é uma das consequências do período de prisão no regime mais rígido do sistema prisional, no Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, de onde os advogados tentam transferir o preso para Campo Grande.

Conforme a reportagem apurou,  já foi dada entrada em ação judicial de interdição, na área civil, para que seja nomeado tutor responsável por Name. Na área criminal, as medidas estão sendo “estudadas”, conforme a informação obtida.

Novos crimes - Name ofereceu propina de até R$ 600 milhões, inclusive para um “ministro”, durante interrogatório no fim de maio, gravado em vídeo,  em ação por apreensão de arsenal em tramite na 1ª Vara Criminal. Em outra audiência, no dia 23 de junho, proferiu ameaças a investigador do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros). Também foi tudo registrado em áudio.

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) informa que está adotando providências quanto aos “atos criminosos”, ampliando assim a lista de acusações contra o empresário campo-grandense, apontado como chefe de milícia armada.

“Levaram meu pai doente, e vão devolver num caixão”, declarou ao Campo Grande News o o deputado estadual Jamilson Name (sem partido), ao falar das condições de Name. Segundo o parlamentar, o pai já apresentava problemas de saúde, como diabetes, hipertensão,  e doença neurológica e, depois de 150 dias no presídio nordestino, só piorou. “O homem está ficando louco”, disse.

Depois que vieram a público os vídeos em que Name faz as declarações consideradas criminosas, a defesa dele nos processos havia se manifestado dizendo entender que o empresário não está em suas “plenas faculdades mentais”, diante das afirmações.

Nesta quinta-feira, a reportagem foi procurada pelo advogado David Olindo, que representa Name na ação por envolvimento na execução  de Mateus Coutinho Xavier, ocorrida em abril do ano passado. Olindo falou da iniciativa de interdição judicial, a cargo de outro profissional do Direito, e justificou a decisão diante do quadro de “senilidade” de Jamil Name.

“Ele tem 81 anos, já era doente fisicamente, agora vai voltar também com problema psiquiátrico”, afirmou.

O filho, Jamilson, diz que as afirmações feitas pelo pai, na frente do juiz Roberto Ferreira Filho, evidenciam não estar em condições normais. Afirma, por exemplo, que Name não tem o valor citado, “de 100 a 600 milhões”, para pagamento em propina em troca do retorno para Campo Grande. “Vou comprovar anexando as declarações de Imposto de Renda”, afirmou.

Tiago Bunning, que representa Name em outras ações da Omertà, junto com o criminalista Renê Siufi, disse ser fato a preocupação com a saúde mental do empresário, em razão das falas do cliente.

Segundo ele, estão sendo avaliadas medidas na esfera penal a esse respeito, mas ainda não é possível adiantar quais são.

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