Fiéis encaram chuva para acompanhar encenação da Paixão de Cristo
Tradição no Bairro Moreninha reuniu 700 pessoas durante a tarde e 250 espectadores seguem procissão
A encenação da Paixão de Cristo, no Bairro Moreninha, começou no início da noite desta sexta-feira (29) para manter uma tradição de 90 anos. Conforme a organização, o teatro é acompanhado por cerca de 250 pessoas, a partir da Comunidade São Pedro e São Paulo, onde a celebração reuniu mais de 700 fiéis da Igreja Católica, desde as 15h. Eles chegaram sob chuva, muitos ficaram em pé e outros do lado de fora da igreja.
A Paixão de Cristo é o termo usado para lembrar o sofrimento enfrentado por Jesus nos momentos que antecederam seu julgamento e morte na cruz. Na encenação, os fiéis assistem ao teatro a céu aberto seguindo os atores até a crucificação. Paixão vem do Latim passio, que significa sofrimento. A "Sexta-feira Santa" ou "Sexta-feira da Paixão" faz parte das comemorações que antecedem a Páscoa, celebrada no domingo para lembrar o dia em que Jesus ressuscitou.
A procissão terminará na igreja matriz do bairro. O caminhoneiro André Nunes, de 38 anos, e a esposa Jéssica Aparecida de Souza, de 31 anos, acompanham o trajeto. Sempre na estrada, faz três anos que ele não participava da procissão, mas desta vez correu contra o tempo ao chegar na Capital e encarou a chuva para ver o teatro.
Até quarta-feira estava em Santa Catarina, cheguei em Campo Grande por volta das 9h30 e só deu tempo de passar em casa para fazer o peixe e vir para a procissão. Sempre que estamos aqui participamos e hoje ainda coincidiu que a folga dela caiu no mesmo dia em que cheguei. É muito gratificante poder participar da procissão", comentou André.
Pronto para interpretar Jesus, Pedro Henrique Nunes, de 23 anos, conta que a preparação envolve aspectos físicos, mentais e espirituais e a chuva já não é novidade, porque chove todos os anos no momento da encenação.
"É uma emoção muito grande, mas já estamos nos preparando há um tempo. A chuva acaba atrapalhando um pouco, mas já é algo que sempre acontece. Acredito que não vá influenciar muito durante a apresentação. O maior desafio é o nervosismo, porque falamos ao vivo e às vezes acabamos errando uma fala ou outra", disse Pedro.
Preparado para interpretar Caifás, Gustavo de Oliveira, de 20 anos, participa há 6 anos da encenação.
"Já estamos ensaiando há algum tempo, com preparação espiritual e muita oração. Já fui Barrabás, o ladrão mau, Pilatos e hoje serei Caifás, que foi quem deu as 30 moedas de prata para Judas em troca da traição de Jesus. Já estamos acostumados, toda Sexta-feira Santa é costume chover", comentou Gustavo.
A coordenadora do teatro, Amanda Gomes, de 20 anos, conta que ao todo são 32 atores, com idades que vão de 14 a 21 anos. Eles estavam ensaiando desde a última semana de fevereiro, todos os domingos durante 3 horas.
“O teatro já é tradição desde 1934 e nós só estamos dando continuidade. Utilizamos sempre as mesmas falas, o que muda são os personagens, que vão crescendo. Priorizamos sempre ser bem fiéis aos evangelhos”, disse Amanda.
O padre da Paróquia, Jucelandio José do Nascimento, de 41 anos, lembra que muitos atores são filhos de pessoas que também já interpretaram em anos anteriores.
"A chuva sempre está presente e o interessante é que ela sempre começa no momento do rito do beija pés de Jesus, mas logo ela para e conseguimos fazer a procissão”, disse o padre.
Trajeto - São cerca de 8 quilômetros percorridos em aproximadamente 1 hora e 30 minutos. A procissão vai passar pelas ruas Barreiras, Rua Peruibe, Araticum, Anaca, Rua Ariri, Paumacia, Abelha e Milhas Novas.
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