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Capital

"Fiquei cego de raiva", diz réu por matar ex a facadas na frente dos filhos

Eloísa Rodrigues de Oliveira, 36 anos, foi morta há exatos sete meses, em Campo Grande

Dayene Paz e Bruna Marques | 16/11/2022 10:15
Fabiano é interrogado em júri nesta quarta-feira. (Foto: Paulo Francis)
Fabiano é interrogado em júri nesta quarta-feira. (Foto: Paulo Francis)

"Fiquei cego de raiva". A fala é do pedreiro Fabiano Querino dos Santos, de 35 anos, sobre o dia em que matou a ex-esposa, há exatos sete meses. Eloísa Rodrigues de Oliveira, 36 anos, foi assassinada a facadas, no Parque do Lageado, em Campo Grande, no dia 16 de março. Fabiano é réu por feminicídio e está sendo julgado nesta quarta-feira (16)

Ao ser preso pelo crime, três dias depois, ele disse que preferiu matar do que bater, além de afirmar que a vítima teria dado todos os motivos para ser assassinada. Na época, Fabiano disse que agiu por ciúmes, desconfiado de "traição". Contudo, ao ser interrogado pelo juiz, disse que não estava mais casado com Eloísa e que a matou após ela ter "armado" para matá-lo.

Fabiano contou que estava morando em Ribas do Rio Pardo, o que não condiz com o relato na época em que foi preso, de que estava trabalhando em Aquidauana. Ele diz que recebeu ligações de Eloísa dizendo que o filho estava doente e que teria que seguir para a Capital pois precisava de ajuda.

No relato, afirmou que viajou até Campo Grande e descobriu que o filho não estava doente. Depois, ao procurar a ex, foi surpreendido por tiros na casa. "Eu fui no hospital e vi que era mentira. Fui no bairro, quando cheguei fui surpreendido por um cara que estava com ela, que deu vários tiros para cima, para me assustar", alega.

Fabiano ficou nervoso e disse que foi atrás do suposto homem que atirou. "O cara entrou no carro e foi embora. Ela ficou lá, pegou o celular e ia ligar para alguém. Fui atrás, não achei o cara e voltei para conversar com ela. Eu não planejei tirar a vida dela, queria matar o cara", afirma.

Ao retornar, questionou a mulher, pedindo informações do suposto atirador. "Tomei o celular, achei mensagem e foto. Discutimos, estava cego de raiva porque ela armou pro cara me matar", diz. Fabiano, então, pegou uma faca que estava na gaveta e afirma ter dado um único golpe em Eloísa, o que também não condiz a perícia, que encontrou cerca de quatro ferimentos.

O juiz Aluizio Pereira dos Santos questionou se ele matou por acreditar que estava sendo traído, mas Fabiano negou. "Eu quis dizer traição de que ela fez de armar para me matar. Quero pagar pelo que fiz, não pelo que eu não fiz". Ele também nega que tenha agido na frente dos filhos da vítima e que as crianças foram induzidas a dizer que estavam em casa no dia do crime.

Entenda - O pedreiro foi preso após três dias de busca, em Ribas do Rio Pardo. Na ocasião, ouvido pela polícia, contou que a relação com Eloísa estava "estremecida", porém o casal não estava separado. Testemunhas contestaram a versão e disseram que os dois já não estavam mais juntos.

Fabiano contou que estava trabalhando na cidade de Aquidauana e retornou para Campo Grande na data do crime, quarta-feira (16). Eloísa ligou para avisar que o filho do casal, de um ano, passaria por cirurgia. Então depois da cirurgia, eles se encontraram no ônibus, desceram no ponto do Parque do Lageado para pegar os outros filhos de Eloísa na babá e seguiram para casa.

O casal ficou na sala do imóvel, segundo Fabiano, quando questionou sobre suas roupas e calçados, pois não havia encontrado no local de costume. Eloísa teria respondido que a casa foi invadida no dia anterior, momento em que Fabiano alega ter ficado desconfiado de uma "traição". Segundo ele, em dias anteriores ouviu disparos contra o imóvel e alguém gritando: Você é machão para bater em mulher, então, sai aqui para resolver comigo".

O homem também disse que se sentiu humilhado, porque a vítima pediu para que saísse da residência e inventava aos vizinhos que era agredida por ele. Então, sem qualquer discussão, pegou uma faca na pia e passou a golpeá-la na barriga, na frente das três crianças. Para ele, seria "melhor matar do que bater".

Depois, afirma que saiu tranquilamente do imóvel e deixou a faca. Ficou em um matagal nas imediações da casa até a manhã do dia seguinte, quando seguiu de van até a cidade de Ribas do Rio Pardo, onde foi preso.

Questionado se estava arrependido do crime, friamente disse que a vítima teria dado todos os motivos para ser morta, alegando ter sido traído. Segundo Fabiano, "provavelmente por um amante ou comedor", pois Eloísa aparecia com presentes não compatíveis com seu salário.

O crime - Eloísa foi esfaqueada na frente dos três filhos na casa onde morava, na Rua Manoel Marcelino Rodrigues, no Bairro Parque do Lageado. Uma das filhas, de 5 anos, foi quem saiu na rua pedindo socorro. Logo em seguida, a mulher saiu ensanguentada da casa. Eloísa foi socorrida por uma vizinha, que tentou estancar os ferimentos até a chegada da ambulância. Depois, foi levada para a Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no dia seguinte, quinta-feira (17).

A vítima já havia registrado inúmeros boletins de ocorrência contra o agressor.

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