Garras prende 4, apreende 13 veículos e fecha depósito de drogas na Capital
Parte dos veículos era de caminhonetes roubadas e adaptadas para o tráfico de entorpecentes
Três meses de investigação do Garras (Delegacia de Repressão de Roubo a Banco, Assalto e Sequestros) resultaram na prisão de quatro pessoas e na apreensão de 3,6 toneladas de maconha na noite desta sexta-feira (17), em Campo Grande. A droga era trazida em caminhonetes roubadas do Paraguai para a Capital e daqui, levadas para outros Estados brasileiros.
O esquema desenvolvido pela quadrinha começou a ser investigado a partir de denúncias de tráfico de armas e levou os policiais da especializada, na noite de quinta-feira (16), a um posto de combustível na saída para Três Lagoas. Lá foram presos os chefes da quadrilha: Gilberto Melo Martins, dono de uma empresa de guinchos e Sergio Rodrigues da Costa, ambos de 40 anos.
Os dois estavam em um Fiat Uno e esperavam duas caminhonetes roubadas que vinham do Rio de Janeiro. Os dois veículos eram conduzidos por Laudiomar de Oliveira, de 42 anos, Giovane Fernando Raymundo, de 26 anos, que foram abordados e presos na BR-262, próximo à cidade de Ribas do Rio Pardo.
Segundo o delegado Fábio Peró, titular do Garras, caminhonetes roubadas em outros estados eram trazidos e preparados pela quadrilha para o transporte de drogas em Campo Grande. As molas dos veículos eram substituídas por de caminhões, para suportar o peso dos muitos tabletes de maconha, e os bancos traseiros retirados. As placas originais também eram trocadas por outras de veículos idênticos, mas sem registro de roubo e de Mato Grosso do Sul.
Depois de “prontas”, as caminhonetes eram levadas para o Paraguai, onde eram carregadas com mais de uma tonelada de maconha. Para disfarçar as alterações nos veículos durante a viagem de ida para a fronteira, os integrantes do grupo colocavam sacos de areia para rebaixar a carroceria a o nível que deveria ser normal.
Da fronteira, a droga era trazida para um deposito na Vila América, no fim da Avenida Fábio Zahran. No local, a maconha era dividida, colocada em caixotes de madeiras produzidos pela própria quadrilha e escondida em meio a cargas de milho e soja. Nos caminhões carregados de grão eram levadas para outros estados do país.
Nesta sexta-feira (17), os policiais encontraram no local mais de 3.670 tabletes de maconha, que pesaram 3,6 toneladas da droga, a maior apreensão feita pela Polícia Civil este ano.
Veículos – Além das duas caminhonetes apreendidas com os suspeitos na rodovia, os policiais encontraram outra três no depósito de drogas, todas roubadas. Na casa de Sérgio, outras duas foram apreendidas, junto com uma motocicleta.
Os policias também foram à empresa de guincho de Gilberto, na Vila Piratininga, onde mais uma caminhonete e um caminhão guincho, também usado no transporte da droga, foram apreendidos. Na casa dele, um Golf e duas motos foram encontradas.
Ao todo, foram apreendidas duas caminhonetes S-10, duas Amarok, duas Hilux, uma L200, uma F250, um Golf, um Fiat Uno, um caminhão Guincho e três motocicletas – duas XT 660 e uma Yamaha. Os veículos que não eram roubados, segundo a polícia, foram adquiridos com o dinheiro do tráfico e por isso apreendidos. A investigação apontou ainda que parte dos veículos roubados serviam de moeda de troca por droga na fronteira.
Conforme o delegado João Paulo Sartori, as casas em que Sérgio e Gilberto moravam são de alto padrão, o que mostra grande movimentação econômica da quadrilha. “Ultrapassa milhões”. Ainda conforme o delegado, Sérgio é “traficante de longa data”, conhecido no meio policial como “Sérgio Tambor”, isso porque escondia tabletes de maconha em tambores e os enterrava.
Negação – Para a imprensa, durante coletiva na manhã desta sábado (18), os quatro presos negaram o crime. Sérgio preferiu ficar em silêncio, enquanto Gilberto afirmou ser apenas dono da empresa de guincho. Ele ainda afirmou que a casa de alto valor “era fruto do trabalho de 20 anos no Japão”. "Estava no lugar errado, na hora errada". Para a polícia, empresa também era usada no esquema e será investigada.
Laudiomar e Giovane alegaram que foram contratados para trazer os veículos do Rio de Janeiro e não sabiam que eram roubados. Cada um afirma ter ganho R$ 1 mil pelo transporte de caminhonetes financiadas. “Me falaram que o carro era financiado, eu não sabia que era roubado. Me ofereceram R$ 1 mil para vir do Rio de Janeiro falaram que me daria a passagem de volta”, contou Laudiomar. Já o segundo suspeito alega que aceito o serviço porque estava desempregado.
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