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Capital

Golpe do consórcio premiado: quadrilha mirava pessoas humildes

Um dos integrantes da organização criminosa foi preso na manhã desta sexta-feira em casa

Viviane Oliveira e Dayene Paz | 21/10/2022 13:02
Delegado Reginaldo Salomão, titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo (Foto: Paulo Francis) 
Delegado Reginaldo Salomão, titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo (Foto: Paulo Francis)

Após ameaçar vendedor com arma de fogo, integrante da quadrilha que aplicava o “golpe do consórcio premiado” foi preso na manhã desta sexta-feira (21), no Bairro Estrela Parque, em Campo Grande, com animais silvestres e 20 munições.

Conforme o delegado Reginaldo Salomão, da Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo), o homem de 27 anos, que não teve o nome divulgado, já vinha sendo investigado pela polícia por aplicar o golpe do falso consórcio.

Nesta manhã, a polícia foi cumprir mandado de busca e apreensão na casa dele em razão da denúncia de ameaça, quando encontrou as munições, e duas serpentes, da espécie cobra rei, papagaio e lagarto. A Polícia Militar Ambiental foi acionada para recolher os animais. Na casa dele, também foram localizados vários contratos de falso consórcio.

Como agem - Segundo o delegado, os estelionatários agem da seguinte forma: alugam salas por hora, captam vítimas pelo Facebook e market play. Eles divulgam financiamento de veículos e imóveis. A pessoa se interessa nesses produtos e entram em contato.

O cliente, então, acaba sendo ludibriado, levam documentos, fecham negócio e dão tudo o que tem de entrada, pois acreditam que vão adquirir carta de crédito já contemplada. Os estelionatários dão 7 dias para o cliente sacar o dinheiro. Como o valor prometido não saí, a pessoa acaba voltando na empresa, mas é enganada novamente até os criminosos conseguirem mudar de região e nunca mais serem vistos.

Segundo o delegado, a polícia investiga 4 pessoas da quadrilha, que aprenderam o golpe com outros dois estelionatários, moradores de outro Estado. Cada um desses golpistas, então, se separou e formou o seu grupo. Eles recrutam trabalhadores para vender os falsos consórcios. Alguns quando descobrem que se trata de crime procuram a polícia. Mas têm outros que preferem entrar na onda de ganhar dinheiro fácil.

O delegado explica que essa quadrilha tem uma rede muito grande de informantes. “Quando fomos cumprir buscas e apreensão em uma das salas que eles haviam alugado, alguém travou o elevador que nós estávamos. Os golpistas foram informados e acabaram fugindo por outro elevador”, contou.

Pessoas humildes - Conforme o delegado, não tem um número exato de vítimas, mas são centenas e os valores podem chegar a um número extraordinário. “É um golpe  que vem sendo aplicado desde 2019. Mas a maioria não procura a polícia, porque acredita que não terá o dinheiro de volta”. A quadrilha fez vítimas em Três Lagoas, Dourados e Naviraí.

Segundo o delegado, as vítimas são pessoas humildes que acabaram perdendo o dinheiro que haviam juntado para realizar o sonho de comprar veículo ou imóvel. Elas acabam sendo atraídas, porque a quadrilha oferece dinheiro sem consulta no SPC e Serasa. A Polícia alerta que  antes de fechar qualquer negócio a pessoa deve pesquisar sobre a empresa na página do Banco Central. “Não há financiamento que exige pagamento para receber. Carta de crédito contemplada não existe”.

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