Greve na coleta volta a transformar ruas centrais em lixão a céu aberto
Em menos de 12 horas de nova greve da Solurb, o lixo voltou a acumular no Centro de Campo Grande e moradores já estão preocupados com “lixão a céu aberto”. No mês passado o serviço de coleta ficou suspenso entre os dias 9 e 18 de setembro, por falta de pagamento, o que acarretou em transtornos para a população.
A reivindicação é a mesma da última greve. Desde vez não foram depositados R$ 1,5 milhão da folha de pagamento e R$ 402 mil do tíquete-alimentação. Juvenal Guimarães, 78 anos, lembrou que no mês passado passou por apuros, por conta do acúmulo de lixo, e espera que não se repita.
“Eles precisam fazer uma negociação”, comentou o Juvenal. Ele acredita que a quantidade de lixo espalhada pela Capital prejudica a saúde dos moradores e atrai insetos.
Moradora de Terenos, Maria Luiza Olmedo, 64, ficou espantada com a situação de Campo Grande. Ela assegurou que a coleta no município onde reside, distante 25 quilômetros da Capital, nunca teve a coleta de lixo interrompida. “Aqui precisa mudar, melhorar!”, sugeriu.
O Steac (Sindicato dos Trabalhadores em Asseio e Conservação) entrou com ação na 4ª Vara da Justiça do Trabalho e cobra também R$ 2,8 milhões dos outros benefícios, como vale-gás, premiação para os motoristas e cesta básica. A greve não tem prazo determinado para acabar, voltando ao trabalho mediante ao pagamento.
O autônomo Everson Pereira, 28, trabalha no Centro da cidade e observa os transtornos ocorridos na cidade. Ele reconheceu que a Capital está uma bagunça e afirmou que a população é a que mais sofre com a situação. “Nós pagamos os impostos e vemos a cidade virar um lixão”.
Na Avenida Afonso Pena, após a Rua 14 de julho, o lixo tem impedido a saída dos passageiros do transporte coletivo. O ponto de integração fica ao lado de um montante de sacos, fazendo com que os motoristas parem antes do terminal ou com que as pessoas tenham que caminhar entre o lixo. “Nesse ponto, não dava nem para passar, na última greve. Espero que não aconteça de novo”, comentou o autônomo.
Impasse - A empresa alega que não recebe da prefeitura e a dívida dos meses de junho, julho e agosto totaliza R$ 22.155.426,12. O poder público informou, por meio de nota, que vai pedir à Justiça autorização para depositar R$1.568.800,00 e pagar os trabalhadores. A administração municipal recorreu a esse procedimento no mês passado.
Na Justiça - O consórcio recorreu ao TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) para suspender o serviço. Os agravos de instrumentos são contra as liminares que determinaram a volta da coleta dos resíduos domésticos, sob pena de multa diária de R$ 100 mil, e do lixo hospitalar, com previsão de multa de R$ 30 mil por hora de atraso.
Neste mês, a Justiça concedeu liminar em favor da Solurb, bloqueando parcelas do FPM (Fundo de Participação do Município) da prefeitura até o valor de R$ 19 milhões. A PGM (Procuradoria-Geral do Município) vai recorrer da decisão. O município alega que as notas fiscais apresentadas são auditadas por suspeita de fraude nos pagamentos anteriores e a crise financeira do Poder Executivo.