Há um ano, lixão em calçada de escola é "inferno" na vida de moradores
Placa proibitiva não assusta quem descarta os resíduos e entulhos no bairro Jardim das Hortências
Há um ano, o lixo acumulado na calçada da Escola Municipal Irene Szukala, na Rua Iemanjá com a Rua Rachel de Queiroz, bairro Jardim das Hortênsias, em Campo Grande, é "inferno" na vida de quem mora próximo da unidade educacional. A ousadia dos responsáveis pela ação irregular é tamanha que a placa de sinalização que proíbe o descarte de resíduos e entulhos vira um mero acessório, parte do cenário, ou seja, não inibe a atitude.
Embora a quantidade de lixo tenha diminuído, quando comparada às outras vezes que a reportagem recebeu denúncias sobre o local, em fevereiro e setembro de 2023, o cheiro forte de lixo é o mesmo. De acordo com moradores, dessa vez, pessoas em situação de rua atearam fogo nos resíduos e animais mortos, que também são deixados na calçada.
Ao Campo Grande News, o comerciante Cleber Rocha, de 43 anos, revela que os residentes contratam os moradores de rua para limpar os quintais das casas e que eles descartam o lixo na calçada. Ele mesmo já contratou os serviços deles. O preço varia de R$ 5 a R$ 10.
“É mais o pessoal de rua que joga, mas você vê relato de moradores também jogando algumas coisas. E a gente vai e fala pros moradores de rua isso pra ver. Eu já falei, mas eu parei de falar porque vieram me ameaçar.”
Ele acrescenta que a fumaça dos pequenos incêndios prejudica o negócio de pet shop. “Eles jogam dois ou três cachorros mortos ali, fica um cheiro podre de carniça. A fumaça entra toda aqui. O cheiro prejudica os passarinhos, nós temos eles aqui".
Maria Socorro, de 77 anos, é aposentada e mora nas redondezas, ela passa pela Rua Raquel de Queiroz para chegar até o ponto de ônibus. "Isso aí é um perigo. Não pode fazer isso. É muito ruim, ainda mais nesse tempo de seca. É um perigo", relata.
Um açougueiro de 35 anos, que não quis se identificar à reportagem, trabalha em um comércio na esquina da Rua Iemanjá com a Rachel de Queiroz, bem de frente para o problema. Ele comenta que os moradores de rua estão tomando conta do bairro e ficam nas redondezas coletando recicláveis.
"De madrugada, com certeza botaram fogo aí, nós chegamos e já tava queimando. Isso aí é direto, porque a gente mora na região, a gente conhece. É assim que acontece: o povo das casas aí deve pagar pra eles jogarem. Fica esse transtorno pra todo mundo”.
O dono de uma loja de auto peças na Rachel de Queiroz, Jair Nantes, 57, pontua que o local começou a ser monitorado pela prefeitura, mas que a ação não durou muito. “Diz que colocou uma câmera, dois ou três dias que ficou a câmera, eu acho, mas aí no outro dia já estava cheio de lixo de novo”.
Sobre a fumaça, o cenário também incomoda o empresário. “A calçada ali já é estreita e ficam jogando lixo, ficou ainda mais estreita. Não tem calçada. Hoje mesmo, quando cheguei tava muita fumaça, você vai ali nos fundos e sente forte o cheiro da fumaça".
Outro lado - O Campo Grande News entrou em contato com a prefeitura e as pastas envolvidas na questão. A Sisep (A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) informou que a situação é recorrente nessa área próxima à Escola Irene Szukala e que, muitas vezes, é causada pelos próprios moradores do bairro.
“Essa situação só vai mudar quando os moradores que exercem a cidadania denunciarem aqueles que jogam entulho e lixo em local proibido. Sempre que possível a Sisep faz a retirada desses materiais (como aconteceram várias vezes nesse local do bairro Aero Rancho) para que os moradores do entorno não sejam prejudicados, mas é importante que a população ajude a manter a cidade limpa denunciando aqueles que jogam entulho e lixo nessas áreas, pois são recorrentes esse tipo de situação”.
A Semed (Secretaria Municipal de Educação) também foi procurada pela reportagem, mas até o momento não emitiu um parecer. O espaço segue aberto.
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