Hospital infantil será provisório até construção de nova unidade na maternidade
Hospital pediátrico abre para atender demanda reprimida, tem criança que espera consulta há 18 meses
Anunciado nesta semana, o Hospital Pediátrico deve ser lançado no aniversário da cidade, dia 26 de agosto, pelo menos, é esta a previsão do município. A unidade vai funcionar de forma provisória no antigo Hospital da Criança, isso porque o Estado quer construir, em até três anos, um novo hospital infantil no estacionamento da Maternidade Cândido Mariano.
Na manhã de hoje, o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, falou que o hospital pediátrico funcionará de forma transitória até "embarcar" o projeto da construção.
"Vamos trabalhar neste sentido, é hora da gente mostrar para Campo Grande e para o Mato Grosso do Sul que nós temos condições de ter um hospital que possa ser referência não só no Estado, mas no País em termo do binômio mãe e filho", ressaltou Geraldo.
Relembrando toda a história de 80 anos da maternidade, o secretário enfatizou que Campo Grande é a única Capital que não tem hospital próprio. "Hospital Materno Infantil Cândido Mariano, podemos preservar até a história para a gente também rememorar aqueles que tanto contribuíram aqui e apontar para o futuro, que, certamente, será grandioso no Estado", declarou Geraldo.
O titular da pasta da saúde disse também que o Governo dará aporte financeiro para a construção do edifício que terá de 4 a 5 andares e vai contemplar todas especialidades que um hospital materno-infantil precisa ter.
A proposta é fazer do hospital referência na linha materno-infantil e ser quase na totalidade atendimento pelo SUS.
Hope - Enquanto se pensa no projeto de construção, o hospital pediátrico que se chamará "Hope", traduzindo do inglês quer dizer "esperança", será implantado no Hospital da Criança.
"Vamos ser parceiros de alugar o Hospital da Criança para acoplar um número de leitos e fazer processos cirúrgicos que estamos precisando, principalmente, na área de pediatria com resolução de demandas da área cirúrgica e também de exames", comenta o secretário.
A ideia de alugar o antigo Hospital da Criança já vinha sendo pensada pela atual diretoria da Cândido Mariano.
Diretor executivo da Cândido, Rodrigo Lucchesi Cordeiro, explicou que já existe uma grande demanda de atendimento da pediatria tanto na Capital quanto no Estado.
No ano passado, a maternidade chegou a fazer 60 cirurgias pediátricas, entre elas, de crianças que tinham hérnia umbilical, o diagnóstico de cirurgia, mas só operaram com 13, 14 anos.
"Não se tem essa resolutividade pediátrica no nosso Estado, agora a maternidade vai abraçar a abertura de um hospital pediátrico", comenta Rodrigo.
Já com a locação do Hospital da Criança, a maternidade Cândido Mariano vem montando internamente as enfermarias, centro cirúrgicos, consultórios e ambulatórios. A capacidade de atendimento será de 2,7 mil crianças ao mês.
A estrutura deve contar com 32 leitos, e serão oferecidas 11 subespecialidades da pediatria. O hospital também terá capacidade de realizar 170 internações, 150 procedimentos cirúrgicos, 1,2 mil exames de imagem e 10 mil exames laboratoriais por mês.
A abertura do hospital pediátrico será 100% SUS e com uma linha estendida de cuidados, que hoje contempla o materno e neonatal. "Vamos estender os serviços da maternidade e atender agora pediatria", explica Rodrigo.
Diretora técnica do Hospital Pediátrico de Campo Grande, a pediatra Ana Carolina Nasser explica que até se faz diagnóstico pré-operatório no Centro de Especialidades, no entanto, é preciso "desafogar" a fila de espera para as cirurgias pediátricas.
Um exemplo elencado pelos diretores mostra o tamanho da fila. Uma criança está há 18 meses esperando uma consulta com médico otorrino, segundo informação do sistema da regulação de vagas. "O médico atende, aí vai pedir a cirurgia, e o prazo é indefinido", comenta Rodrigo.
O hospital vai absorver a demanda por consultas de subespecialidades pediátricas, além das cirurgias e exames. "Existe uma demanda muito reprimida, vamos começar atender a fila que já existe bem antes da pandemia", explica Ana Carolina Nasser.