HU paga fornecedores, mas continua fechado à espera de novo convênio
Sesau afirma que novo convênio será assinado com pagamento retroativo de fevereiro e março
Há dez anos sem conseguir um aumento no repasse de verbas do SUS (Sistema Único de Saúde) e com o PAM (Pronto Atendimento Médico) fechado por não ter condições de receber novos pacientes desde sexta-feira (10), o HU (Hospital Universitário) informou nesta segunda-feira (13) que pagou alguns fornecedores, mas continuará sem receber novas demandas.
A unidade sofre com a falta de insumos, medicamentos e materiais básicos. Alega que, enquanto não realizar um convênio para aumento do repasse da Prefeitura de Campo Grande, permanecerá fechado.
A informação foi repassada pelo gerente administrativo, Luiz Henrique Santos Coelho, e pela gerente de ensino, Débora Thomaz, na manhã nesta segunda-feira (13). Eles explicam que a falta de materiais básicos impede a unidade de receber novos pacientes.
Os funcionários disseram que as cirurgias eletivas, que estavam agendadas, também devem ser retomadas, mas ainda não há um prazo.
"Os insumos de exames são de uma empresa de Campo Grande e eles tinham em estoque. Para as cirurgias, as empresas são de fora e demoram um pouco mais para entregar", relata Luiz.
A unidade reforça que tem um deficit mensal de R$ 2,9 milhões e que não tem aumento de repasse desde 2007. Atualmente, a verba repassada é de R$ 1,8 milhão, mas são necessários R$ 4,7 milhões por mês.
Com o hospital fechado desde sexta-feira, apenas o ambulatório está funcionando normalmente. "No ambulatório precisamos apenas de recursos humanos, é onde são feitas as consultas. É o Governo Federal que paga nossa folha de pessoal, são R$ 80 milhões ao ano", destacou Débora.
Lotado - Quando o PAM fechou as portas, havia 52 pacientes internados e boa parte deles em locais improvisados pelos corredores. Após mais de 60 horas fechado, a unidade conseguiu diminuir os número de pacientes e hoje 24 pessoas estavam no setor. A capacidade é para atender 25 pessoas.
Convênio - O HU afirma que não tinha aumento de repasse previsto no orçamento de 2017 da Prefeitura de Campo Grande que foi provado em 2016 pelo então prefeito, Alcides Bernal (PP). Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), a antiga gestão fez o acordo de aumentar o repasse para R$ 700 mil, mas não deixou previsto.
A assessoria de imprensa da Sesau informou que atualmente repassa mais de R$ 300 mil a unidade, por mês, e que deve aumentar para R$ 700 mil. A demora, segundo a secretaria, é porque a antiga gestão fez um contrato irregular e com isso precisou começar um novo processo de negociação.
"O que atrasou foi que não tinha previsão orçamentária, tinham irregularidades no contrato e não tinha um acordo prévio com o Governo do Estado", disse a assessoria.
O gerente administrativo do HU, Luiz Henrique, disse que a Prefeitura de Campo Grande está mantendo o dialogo para aumentar o repasse, mas destaca que na segunda-feira (6) o hospital enviou um oficial para a Sesau, MPF (Ministério Público Federal) e CRM-MS (Conselho Regional de Medicina do Estado) informando a situação da unidade e caso nada fosse feito teria que fechar.
"A antiga gestão da prefeitura não conseguiu acordo do Governo do Estado para cada um repassar R$ 500 mil ao mês. Esta gestão está tentando viabilizar, mas nós tentamos uma reunião com a Sesau na quarta-feira (8), sem sucesso, e esperamos até sexta-feira para fechar", destacou.
Retroativo - Por meio da assessoria de imprensa, a Sesau informou que deve se reunir ainda nesta semana com a direção do hospital e adiantou que vai aumentar o repasse, para R$ 700 mil.
A secretaria afirma que o contrato será assinado para o mês de abril, mas com pagamento retroativo de fevereiro e março.