Independente de Piracema, 80% do pescado vendido na Capital é de fora
Depois de quatro dias do início da piracema nos rios de Mato Grosso do Sul, equipes da PMA (Polícia Militar Ambiental) iniciaram as fiscalizações em peixarias e estabelecimentos que comercializam pescado. Durante os trabalhos, um dado chama a atenção, cerca de 80% dos peixes comercializados na Capital não são pescados nos rios do Estado.
O subtenente Manuel Alencar explica que o motivo da compra externa do pescado é em razão da baixa oferta dos peixes. “Muitos exemplares são comercializados na própria região dos rios e outros para turistas, assim muitos acabam adquirindo da região norte do país”, explica.
Com 21 anos de experiência no mercado, Luiz Moura, 56 anos, teve a peixaria, localizada na Avenida Guaicurus, fiscalizada na manhã de hoje. “Eu sempre me preparo para as fiscalizações, mas no meu estabelecimento a maioria é de fora. Se tenho 10% de peixes dos rios daqui é muito”, explica.
O motivo da preferência pelo pescado não nativo, na opinião do comerciante, é o preço dos exemplares. “Tudo é consumido pelos turistas, fica bastante caro comprar esses peixes. Eu prefiro trazer de fora”, diz o comerciante.
A fiscalização que teve início nesta quinta-feira (8) consiste em conferir se os pescados em estoque nos estabelecimentos são os mesmos declarados pelos proprietários antes do período de proibição das pescas.
Dono da Peixaria MS, localizada no Trevo Imbirussu da Capital, Luiz Carlos Barbosa, 58, faz uma preparação de três meses para a piracema. “Eu estou com 18 toneladas de pescado que começou a ser estocada em agosto. Nós fazemos todo um trabalho para que não falte”, ressalta o proprietário.
Apesar da câmara fria lotada, Luiz garante que o estoque chegará ao fim até o mês de fevereiro, quando a piracema chega ao fim. “Quando acabar iremos recorrer ao pescado de fora do estado”, explica.
Além dos altos preços e do consumo por parte dos turistas, outra justificativa sobre a falta de pescado nativo no comércio de Campo Grande é a escassez dos exemplares. “A cada ano está diminuindo os peixes do Estado. Esse ano, por exemplo, eu não recebi pirarucu, piratputanga e pacu amarelo. O jeito é recorrer aos peixes do norte do país”.
Nos primeiros trabalhos da PMA na manhã de hoje, nenhuma infração foi identificada nas peixarias. Segundo a corporação, qualquer irregularidade encontrada nos locais faz com que todo o estoque dos estabelecimentos seja apreendido. O responsável pelos peixes é detido e encaminhado para a delegacia e pode responder por crime ambiental.