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Capital

Indignado com “ataques” de defensor, promotor quebra óculos durante julgamento

Ana Paula Carvalho e Nadyenka Castro | 29/02/2012 16:37
Promotor faz gesto representando batida (Foto: Marlon Ganassin)
Promotor faz gesto representando batida (Foto: Marlon Ganassin)

O promotor público Douglas Oldegardo dos Santos protagonizou uma cena inusitada na tarde desta quarta-feira durante o julgamento de Anderson de Souza Moreno, réu no processo da morte de uma jovem em acidente provocado por racha. Indignado com os “ataques” do advogado de defesa, jogou o óculos que usava sobre a mesa. O acessório caiu no chão e quebrou.

A demonstração de indignação aconteceu durante a réplica após o advogado Antonino Moura Borges afirmar que não havia provas suficientes e que o promotor se baseou em técnicas de trânsito da internet, dados que não merecem confiança.

Ele também questionou o laudo sobre a velocidade, alegando que as testemunhas ouvidas pela acusação não são seguras, já que no momento do acidente estavam longe do local e não poderiam ter visto o fato com clareza.

O advogado do réu também pediu para que Anderson seja condenado por homicídio culposo – quando não há a intenção de matar – e não por homicídio doloso como pede a promotoria.

Ele alegou que o réu não assumiu o risco e que não tinha a intenção de causar o acidente e, que Anderson, apenas, foi imprudente. Durante o discurso o defensor afirmou que há jurisprudência em casos onde o motorista estava embriagado e mesmo assim foi considerado que ele não assumiu o risco.

Antonino chegou a mencionar durante a audiência que o promotor fez uma “salada sobre os crimes na hora de apresentar denúncia”.

“Ou fiz essa salada e todo mundo se serviu e gostou ou existe aí clareza na denúncia”, afirmou o promotor em resposta à crítica.

Quanto aos questionamentos do advogado, Douglas Oldegardo afirmou que ali (julgamento) ninguém era bobo e que nem um jurado é escolhido por acaso, que são pessoas leigas, mas não são burros. Ele falou sobre o código penal, sobre o artigo do dolo, já que Antonino falou que dolo eventual é só quando o réu quer o resultado final e não quando ele assume o risco ao pegar o carro em alta velocidade e embriagado.

Sobre a afirmação do advogado de que as testemunhas apresentadas não poderiam ter visto o acidente, o promotor foi enfático ao dizer que essas pessoas são qualificadas e compromissadas. “Isso é chamado indício suficiente de prova”, afirma.

Ele também relatou que para concluir o laudo o perito leva em consideração outras situações como a condição do pneu e do asfalto. A acusação explicou que para definir se é doloso ou qualificado é necessário analisar várias circunstâncias e não só o acidente.

Douglas Oldegardo, ainda durante a manifestação da acusação, disse estar chateado com os ataques da defesa e nesse momento jogou os óculos. Na sequência ele se sentou e ficou emocionado.

Sobre a indignação do promotor, o advogado falou que foi uma crise histérica porque a tese da defesa “doeu fundo”. Em outro momento, Antonino causou indignação ao dizer que o acontecimento foi “um simples crime de trânsito e que amanhã Anderson pode se tornar um pai de família”.

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