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Capital

Júri tem confissão de racha, emoção e contradições sobre velocidade

Aline dos Santos e Nadyenka Castro | 29/02/2012 10:35

Pela primeira vez, Willian confessou a disputa do racha na avenida Afonso Pena

Num relato emocionado, que também levou às lágrimas a família de Mayana, Willian confessou racha. (Foto: Marlon Ganassin)
Num relato emocionado, que também levou às lágrimas a família de Mayana, Willian confessou racha. (Foto: Marlon Ganassin)

Réus no mesmo processo – a morte de uma jovem em acidente provocado por disputa de racha - Willian Jhony de Souza Ferreira e Anderson de Souza Moreno tiveram posturas bem diferente diante dos jurados.

Sem a presença de Anderson, Willian confessou, pela primeira vez, a disputa do racha na avenida Afonso Pena, em Campo Grande, após saírem de um bar.

Num relato emocionado, que também levou às lágrimas a família de Mayana de Almeida Duarte, que morreu em virtude do acidente, Willian afirmou que a disputa começou no cruzamento da avenida com a rua Rio Grande do Sul. Ele conduzia um Fiat Uno quando Anderson emparelhou seu Vectra e acelerou.

No trajeto, os semáforos estavam abertos. Próximo à prefeitura, eles pararam. “O Anderson disse que não queria mais comer e ia embora para casa. Ele saiu na frente e, na esquina com a José Antônio, teve o acidente”, relata.

Neste momento, segundo o réu, o racha teria cessado, porque ele percebeu que o veículo 1.0 não teria potência para disputar corrida com o Vectra de Anderson.

“Eu tentei fazer de tudo naquele momento para ajudar aquela moça”, afirmou, num depoimento entrecortado por silêncios devido ao choro. Após o acidente, ele afirma ter sinalizado para a viatura do Samu que passou logo em seguida, auxiliado os policiais de trânsito, ido ao hospital levar o celular de Mayana para a família e arrumado o teclado do computador da delegacia, que estava desconfigurado, para prestar depoimento.

Questionado por que decidiu confessar o rachar, Willian salienta que foi influenciado pela família. “No Natal, minha mãe me abraçou e disse para pensar que a Mayana não poderia abraçar a mãe dela”, disse, antes de se declarar arrependido.

Sobre a velocidade, ele afirmou que na disputa do racha não ultrapassou 60 km/h. O Fiat Uno chega até a 180 km/h. Willian, que responde ao processo em liberdade, afirma ter bebido “duas cervejas”. A conta dele, Anderson e Keneth Gonçalves Pereira da Silva foi de R$ 90. Keneth chegou a responder por falso testemunho.

Contradições - Anderson de Souza Moreno, por sua vez, negou o racha e entrou contradições sobre a bebida consumida antes do acidente, a velocidade na hora da colisão e a idade em que começou a dirigir.

Com respostas curtas e sem esboçar emoção, Anderson, que está preso há quase um ano, afirmou que estava com pressa no dia do acidente para chegar em casa. “Foi uma coisa muito rápida, estava descendo a avenida e ela cruzou, não deu tempo de pisar no freio”, relata.

Sobre a velocidade, de acordo com a acusação, Anderson mudou a versão várias vezes. Na delegacia, disse que era de 40 a 50 km/h. Depois, entre 80 a 90 km/h. “Agora, falou que era acima de 100 km/h”, afirma o promotor Douglas do Santos.

A perícia atestou que a velocidade do carro de Anderson era de 110 km/h, praticamente o dobro da velocidade máxima permitida na via.

Anderson também mudou a versão sobre o consumo de bebida. Primeiro, afirmou ter ingerido duas latinhas de cerveja. Hoje, além das latinhas, disse que bebeu uma dose de tequila. Em foto tirada no bar, ele aparece segurando garrafa de cerveja. Hoje, afirmou que segurava a garrafa para um amigo.

A idade em que começou a dirigir também teve pontos divergentes na fase processual. Primeiro, disse que foi aos 10 anos, depois aos 14 e hoje, no julgamento, afirmou que foi aos 16 anos. Em 2007, quando ainda era menor de idade, ele se envolveu num acidente que provocou a morte do motociclista Waldir Ferreira.

Sobre o caso, foi sucinto. “Peguei o carro escondido do meu pai e acabou acontecendo”. A viúva de Waldir acompanha o julgamento.

Em fevereiro de 2011, mesmo com a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) suspensa, Anderson foi flagrado dirigindo na contramão. A prisão foi decretada no dia 2 de março de 2011 e se entregou na delegacia 12 dias depois.

O caso - De acordo com a acusação, os dois réus disputavam um racha na avenida Afonso Pena, sentido bairro/centro, na madrugada do dia 14 de junho de 2010. Anderson, com um Vectra, à 110Km/h, passou à frente de William, que conduzia um Fiat Uno.

No cruzamento com a rua José Antônio, o Vectra bateu no Celta dirigido por Mayana. Testemunhas disseram que ele passou no sinal vermelho. Ele estaria embriagado. Mayana foi levada em estado grave para o hospital e morreu 10 dias depois.

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