Insegurança e medo são parte da rotina em bairro que grávida foi achada morta
Suspeita é que jovem tenha morrido de overdose, prédio onde ela foi encontrada serve de refúgio para inúmeros usuários de drogas
Mesmo com câmeras de segurança, concertinas e cercas elétricas nas casas, os moradores da Vila Jacy convivem diariamente com medo e insegurança por conta da quantidade de usuários de drogas que vivem em um prédio abandonado na região, onde uma jovem gestante, moradora de rua e usuária, foi encontrada morta na tarde da última quinta-feira (7).
"Aqui em casa eles nunca entraram porque tenho dois pitbulls, mas na vizinhança eles já invadiram casas, a insegurança é constante", diz Creuza Bezerra, de 65 anos, que é auxiliar administrativa e mora há 28 anos na esquina da rua em que o prédio fica localizado.
Segundo Creuza, a polícia sempre passa pela região, mas são muitos usuários. De acordo com a moradora, eles incomodam diariamente pedindo coisas para os moradores e carregando entulhos para dentro do espaço. "O poder público tinha que tomar alguma providência, é uma situação muito difícil pra gente", finaliza.
Dentro do terreno a reportagem encontrou muitos eletrônicos velhos, como várias televisões de tubo, além dos entulhos e lixos espalhados pelo local. Para a estudante Kellen Bueno, de 22 anos, que mora há 10 anos na mesma rua do antigo laticínio, o problema não é só com a insegurança.
"Primeiro de tudo tinham que limpar aquilo, não é só questão dos moradores de rua, tem a questão da nossa saúde, por conta da dengue e outros bichos. Mesmo que a igreja não vá construir, acho que eles tinham que deixar limpo e fechado", comenta Kellen, que conhece várias pessoas que já foram assaltadas ou furtadas pelos usuários de drogas.
O espaço, que já abrigou uma fábrica de laticínios, foi comprado pela igreja evangélica “Cristã dos Aliançados”. Segundo moradores, já tem mais de 5 anos que os membros da igreja falam em construção no local, mas até hoje nada foi feito. "Um tempo atras tinha um povo demolindo ali, mas pararam e não sei o que houve", disse Benedito Perreira, que tem 59 anos e há 15 possui uma vidraçaria perto do prédio abandonado.
De acordo com o relato de Benedito, depois das 16h fica ainda mais perigoso e não dá nem pra ficar em frente à loja. "Eles vem pedir coisa e ainda ficam bravos e xingam se a gente não dá. Eles arrombam casas, quebram tudo e incomodam, é complicado. Se a loja tá aberta eles vão entrando. Alguém tem que dar um jeito", comenta o vidraceiro.
Gestante morta - Na tarde de ontem Josiane Martins da Silva, de 29 anos, foi encontrada morta dentro do prédio abandonado. A suspeita é que ela tenha sofrido uma overdose, já que, segundo testemunhas, passou o dia consumindo bebidas alcoólicas. O caso foi registrado como morte a esclarecer e está sendo investigado pela Polícia Civil.