Internação compulsória de usuários de drogas opõe grupos no Centro
Movimentos pró e contra a internação compulsória foram às ruas do centro na manhã deste sábado (23)
A polêmica envolvendo a internação compulsória de dependentes químicos levou movimentos pró e contra a ideia para as ruas de Campo Grande na manhã deste sábado (23). Para combater a onda de furtos e violência na região central, o Conselho de Segurança do Centro e a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), vão propor aos vereadores da Capital e deputados estaduais que uma lei seja formulada prevendo a internação de usuários de drogas.
Para apresentar o projeto aos parlamentares, as entidades realizam neste sábado a coleta de assinaturas nas ruas do centro da cidade. Segundo Adelaido Vila, presidente da CDL, a internação é uma das possibilidades para inibir casos de violência na região de comércio. “Hoje, vemos um número gigantesco de moradores de rua. Temos duas situações, os drogados e os comerciantes que não conseguem dormir de pânico. São dois seres humanos que precisam de atenção”, explicou.
Segundo Vila, a ideia não é fazer uma “faxina” nas ruas do centro, mas sim criar uma discussão e mobilizar o poder público em relação a situação. “Não podemos ficar na inércia. A internação compulsória é uma possibilidade”, disse.
Convivendo diariamente com a situação que toma conta das ruas do centro, Marinalva Pereira, diretora da CDL, defende a internação como uma das soluções para resolver o caso. “Moro na região e todos os dias tenho problemas. Sou a favor da internação e a retirada dos moradores de rua de forma pacífica. Se perguntarem, eles não vão querer ser internados”, relatou.
Outro lado - Movimentos contra a ideia do Conselho de Segurança do Centro e da CDL também foram às ruas e, no mesmo ponto onde se concentra a base de coleta de assinaturas a favor da internação compulsória, manifestaram contra o projeto.
Conforme o João Cyrino, presidente do Centro de Defesa dos Direitos Humanos Marçal de Souza, o projeto que as duas entidades querem criar é considerada desumana.
“Além da internação compulsória, eles também querem que os moradores de rua de fora sejam devolvidos para suas cidades de origem, além da proibição de esmola e comida. Em pleno século 21, uma entidade vir a público impedir pessoas de darem comida para moradores de rua é desumano”, disse.
João e os outros líderes de movimentos contra o projeto acreditam que a internação compulsória não é a saída para resolver o problema na região central da cidade. “Vai virar um depósito de gente. Eles só querem varrer a população de rua do centro. São entidades que se dizem preocupadas com a segurança, mas não enxergam que é um problema social. Deveriam propor programas para defender pessoas”.
Para o CRP-MS (Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso do Sul), apenas retirar usuários das ruas também não é a solução. Segundo a presidente do órgão, Irma Macário, a medida é uma violência contra as pessoas que estão em situações vulneráveis. “Acreditamos que é uma questão de saúde pública. Não é fazendo internação que vai resolver o problema. Eles tem necessidade de tratamento”, disse.
Recentemente, vários casos de furtos a comércios no centro foram registrados. Segundo os lojistas da área, os autores são usuários de drogas que circulam na região central.