Investigação sobre duplo homicídio de policiais envolve 3 delegacias
Derf, Garras e DEH vão ficar responsáveis por apurar crimes relacionados às mortes de Antonio e Jorginho
Três delegacias vão ficar responsáveis por apurar os crimes relacionados ao episódio em que dois policiais civis acabaram mortos, na terça-feira passada (9), em Campo Grande. Há para investigar um roubo de joias, responsável pela diligência na qual trabalhavam os policiais, o assassinato deles dentro de viatura não identificada da Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos), e, por último, a morte do homem responsável pelas duas execuções, Ozeias Silveira de Morais, de 45 anos, durante confronto na madrugada de quarta-feira (10).
As informações obtidas pela reportagem são de que a Derf vai continuar apurando o roubo de ouro de joalheiro localizado na Rua Calógeras, origem de toda a situação. O vigia Ozeias foi apontado por Willian Dias Duarte Comerlato, de 30 anos, como envolvido no crime.
Os dois estavam na viatura, um Fiat Mobi branco, mas só William usava algemas porque contra ele havia mandado de prisão e contra Ozeias não, segundo a explicação dada. O porteiro de prédio na Afonso Pena sequer foi revistado.
No meio do trajeto, conforme relatado até agora, o vigia tirou arma registrada em nome dele, um revólver 38, que estava na pochete, e atingiu os dois policiais na nuca, depois fugiu.
Ambos morreram. Esse fato vai ficar sob apuração do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros), que assumiu o comando da verdadeira caçada feita a Ozeias, depois de ele ter escapado do local do duplo homicídio, no Bairro Itanhangá, e feito uma motorista refém.
Localizado na madrugada de quarta-feira, no Bairro Santa Emília, Ozeias acabou morto em confronto com policiais, com três tiros de pistola .40, a arma mais comumente usada pelas forças de segurança estaduais.
O Garras vai continuar com a investigação sobre o assassinato dos investigadores Antônio Marcos Roque da Silva, 39 anos, e Jorge Silva dos Santos, 50 anos, para esclarecer a dinâmica do crime.
William, que disse ser casado com sobrinha de Ozeias, já foi ouvido e, por sua versão, não participou da morte. Foram tomados depoimentos de testemunhas, como por exemplo a mulher sequestrada pelo porteiro durante a fuga, há mais gente a ser ouvida, além dos laudos da perícia a serem apresentados.
Terceira delegacia no caso - Quanto à morte assassino dos policiais, será uma outra investigação, a cargo da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio). O objetivo desse inquérito policial é saber em que condições houve o confronto citado pela polícia e se a ação que levou à morte de Ozeias foi legal.
A peça investigatória, depois de concluída, vai para a análise do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), para decidir se haverá denuncia ou não aos policiais envolvidos diretamente, com base no que indicar a apuração policial.
Em casos assim, é possível aplicar o chamado excludente de ilicitude. Essa previsão está no no artigo 23 do Código Penal. Conforme esse artigo, "não há crime quando o agente pratica o fato: em estado de necessidade; em legítima defesa; em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito".
Laudos da perícia, depoimentos de envolvidos na operação e de familiares de Ozeias vão compor a investigação policial.