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Capital

“Isso não tem nada a ver comigo”, diz acusado de mandar matar homem decapitado

Apontado como um dos líderes do PCC, Adriano é acusado de mandar sequestrar e matar José Carlos em 2017

Viviane Oliveira e Ana Oshiro | 10/02/2021 12:12
Adriano, com uniforme do presídio federal, foi ouvido por videoconferência (Foto: Marcos Maluf)
Adriano, com uniforme do presídio federal, foi ouvido por videoconferência (Foto: Marcos Maluf)

Interno do Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, Adriano Hilario dos Santos, 35 anos, conhecido como Kaique, foi ouvido por videoconferência, durante julgamento na manhã desta quarta-feira (10), na 2ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande. Apontado como um dos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital), Adriano é acusado de mandar sequestrar e matar José Carlos Louveira Figueiredo, 41 anos, o Coroa, em 2017.

A vítima, que foi decapitada e teve o corpo jogado na cachoeira do Ceuzinho, foi sequestrada com o filho, na época com 16 anos, pelo PCC (Primeiro Comando da Capital). Sob acusação de pertencer à facção rival CV (Comando Vermelho), José Carlos foi condenado à morte e o filho dele “absolvido”. Por esse crime, onze pessoas foram denunciadas pelo MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

Ao juiz Aluízio Pereira dos Santos, Adriano negou ser o mandante do crime e pertencer a facção criminosa PCC. “Não faço parte de nada. Nunca fiz parte de organização. Fiquei preso antigamente, mas por outros delitos. Jamais ia competir a mim tirar a vida de outra pessoa, jamais ia fazer um negócio desse. Homicídio não tem nada a ver comigo não. Não faço parte disso”, afirmou.

Adriano durante julgamento na 2ª Vara do Tribunal do Júri (Foto: Marcos Maluf)
Adriano durante julgamento na 2ª Vara do Tribunal do Júri (Foto: Marcos Maluf)

Segundo Adriano, natural de Santos (SP), não conhecia José e só ficou sabendo que era acusado pelo homicídio quando foi preso por força de mandado de prisão por outro crime (roubo) no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, quando voltava de Camaçari, na Bahia, com a mulher, em maio de 2018. No celular dele, havia registros do crime ocorrido em Campo Grande. Ele, segundo a polícia de São Paulo, era consultado quando chefes estaduais da facção decidiam matar desafetos e integrantes de grupos como o Comando Vermelho.

“Pra falar a verdade, sempre trabalhei, trabalhei registrado, sempre subia para 25 de março e lá eu vendia roupa, roupa de segunda mão. Lá, também comprei um aparelho celular de segunda mão. Depois de 4 meses fui fazer uma viagem com minha esposa pra Bahia, aí fui preso com esse telefone que comprei. Nesse telefone tinham coisas ilícitas, onde fui acusado de um monte de barbaridade”, disse nesta manhã.

Adriano é investigado por pelo menos 14 homicídios. O resultado do julgamento será divulgado no fim da tarde.

Caso - Segundo denúncia do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, José foi submetido a interrogatórios e a torturas durante os dias que foi feito refém. Após ser morto, foi decapitado e teve o corpo e a cabeça envoltos em um cobertor e sacos plásticos, que foram jogados em pontos diferentes do Inferninho. O corpo foi encontrado no dia 28 de novembro de 2017.

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