Juiz determina mais 4 prisões por morte ordenada em “tribunal do PCC”
Pedido do MPMS envolve ação sobre a execução de “Babidi” por ordem do PCC; foragida foi capturada e acusada que usava tornozeleira voltará à prisão
A Justiça determinou quatro novas prisões na ação penal sobre a morte de Rudnei da Silva Rocha, 22, o “Babidi”, que teria ocorrido por ordem do PCC (Primeiro Comando da Capital). Além dessas detenções, Ayumi Chaves da Silva, que era procurada, foi capturada pelas autoridades, enquanto Cristiane Gomes Nogueira Rodrigues, conhecida como “Polêmica” e que usava tornozeleira eletrônica, foi presa preventivamente. Outras cinco pessoas já haviam sido denunciadas.
Cristiane foi apontada nas investigações como integrante do PCC e responsável pela “disciplina” –coube a “Polêmica” chamar outros envolvidos a submeterem Babidi ao “tribunal do crime”, também chamado de “contenção”. Ela respondia às acusações durante prisão domiciliar, fazendo uso de tornozeleira eletrônica.
O juiz Carlos Alberto Garcete, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, decretou a prisão preventiva de Cristiane depois que o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) incluiu novos nomes no rol de suspeitos, que seriam seus superiores hierárquicos na facção criminosa. Tal fato, segundo os promotores que atuam no caso, poderiam incentivar sua fuga –a exemplo do que teria ocorrido com Ayumi, que usava tornozeleira e rompeu o lacre do aparelho em 16 de fevereiro deste ano.
Ao rever a decisão, Garcete também considerou que, durante a instrução criminal, algumas testemunhas a apontaram como responsável pelo “julgamento” do PCC, facção a qual ela admitiu ter ligações. Delegados e agentes que atuaram no caso “não hesitaram em afirmar que ela exercia a liderança na noticiada empreitada criminosa”, pontuou o juiz, ao reforçar que os fatos levados a ele antes e que permitiam o monitoramento eletrônico não subsistiam, sendo “imperiosa” a prisão preventiva.
Mais presos – Ayume, por sua vez, está desde 13 de julho sob tutela do sistema penitenciário. Ela é acusada de participar do assassinato e decapitação de Rudnei Rocha e havia sido beneficiada com a prisão domiciliar porque estava amamentando.
A fase de instrução do processo havia sido encerrada em 8 de junho. No entanto, diante de novos fatos apresentados pelas autoridades, a denúncia foi aditada, com a inclusão de quatro novos suspeitos: Hamilton Roberto Dias Junior, o “Moringa”; Rogério Silva (“Marlon” ou “Artilheiro”), Renato Carvalho de Azevedo (o “XRE/CB 1000”); e Nilton Gauta Evangelista, o “Davi”.
Todos foram alvos de pedidos de prisão preventiva acatados pelo juiz. “Ao que tudo indica, os ora representados estariam em situação de superioridade hierárquica em relação aos já denunciados, sendo os responsáveis pelo interrogatório, por conferência via telefone celular, da vítima ‘Babidi’, bem como pela ordem final para que esta fosse executada e decapitada”.
O crime ocorreu entre os dias 6 e 7 de outubro do ano passado, em uma casa na rua Internacional, no Jardim Santa Emília –sul de Campo Grande. Lucas Carmona de Souza, Valdeir Lourenço, Rodrigo Roberto Rodrigues, Roberto Railson Maia da Silva e Mike Davison Medeiros da Silva Lima, ao lado de Ayume e Cristiane, teriam submetido “Babidi” a cárcere privado, julgamento e condenação, a sua execução.
A vítima foi acusada de ser traficante de drogas e integrante do PCC, mas teria deixado a facção para se filiar ao Comando Vermelho –os grupos disputam a hegemonia no tráfico de drogas e contrabando de armas na região de fronteira com o Paraguai e no Rio de Janeiro, entre outros centros.
“Babidi” desapareceu depois de ter recebido uma ligação a qual disse a família tratar de “coisa minha”. À época, a família descartou seu envolvimento com facções criminosas –ele tinha passagens anteriores por tráfico e furto. O corpo foi encontrado em uma estrada vicinal na região do Indubrasil, enrolado em um colchão e separado da cabeça.
Os denunciados foram acusados de homicídio triplamente qualificado, formação de quadrilha e ocultação de cadáver. Em 4 de maio deste ano, Lucas Carmona, em depoimento no Tribunal do Júri, pediu “perdão” à família do rapaz pelo crime e, embora tenha negado participação na execução, deu detalhes sobre como os fatos teriam ocorrido.