Juiz manda ‘Coreia’ colocar tornozeleira por seis meses e voltar às ruas
O policial rodoviário federal voltará a exercer o cargo de agente da PRF, cumprindo funções administrativas
Um mês após o crime, a Justiça concedeu liberdade provisória ao policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, 47 anos, acusado de matar o empresário Adriano Correia do Nascimento, 33 anos, e ferir outras duas pessoas durante uma briga de trânsito, no dia 31 de dezembro do ano passado. Ele terá de usar tornozeleira eletrônica como medida cautelar, durante o período de seis meses, mas voltará a exercer o cargo de agente da PRF (Polícia Rodoviária Federal), em funções burocráticas.
Conforme a decisão proferida nesta terça-feira (31), o juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, aceitou parcialmente a denúncia do MPE (Ministério Público Estadual) contra o policial, mas concluiu que, como o inquérito policial sobre o caso já foi concluído, não há razões para manter o policial preso.
Segundo o documento, o juiz acatou a acusação de homicídio doloso e tentativa de homicídio por motivo fútil, com recurso que dificultou a defesa das vítimas. No entanto, negou a alegação de fraude processual, conforme havia acusado o MPE.
Quanto a decisão de conceder liberdade provisória a Moon, o argumento da Justiça e de que não se justifica a prisão cautelar pela “conveniência da investigação criminal”, uma vez que o inquérito sobre o caso já foi encerrado.
Apesar de conceder a liberdade, o juiz decidiu aplicar algumas medidas cautelares ao policial, como a suspensão do direito de portar arma de fogo até o julgamento, recolhimento domiciliar no período noturno, das 22h até 6h, podendo sair aos sábados somente até às 12h; além da proibição de se ausentar do país; a obrigação do voltar as atividades da polícia rodoviária federal, porém em funções burocráticas.
O carro de Moon será apreendido como forma de pagamento de fiança, estipulada pela Justiça; e o policial irá usar de tornozeleira eletrônica pelo período de seis meses.
Crime - Ricardo Hyun Su Moon conduzia sua Mitsubishi Pajero prata naquela manhã em sentido à rodoviária, onde embarcaria para Corumbá (a 419km de Campo Grande), seu posto de trabalho na PRF. Após uma suposta briga de trânsito, ele atirou sete vezes contra a Hilux branca do empresário.
Nascimento, dono de dois restaurantes japoneses na cidade, morreu na hora, perdeu o controle do veículo e bateu em um poste. Um jovem de 17 anos que o acompanha foi baleado nas pernas. Outro acompanhante no veículo, um supervisor comercial, de 48, quebrou o braço esquerdo e sofreu escoriações com a batida. Ambos foram socorridos conscientes.
O policial ficou no local do crime e chegou até a discutir com uma das vítimas, mas não foi preso na ocasião, mesmo havendo policiais militares no local. Posteriormente, ele acabou sendo indiciado em flagrante ao comparecer na delegacia com um advogado e representante da PRF. Acabou solto dias depois.
Em seu depoimento, Moon disse que agiu em legítima defesa. Afirmou que as vítimas não o obedeceram mesmo após ele se identificar como policial, que tentaram lhe atropelar ao fugir dele e que viu um objeto escuro que poderia ser uma arma na mão de uma das vítimas.
Moon estava preso na carceragem na sede do Garras (Delegacia Especializada e Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), desde o último dia 5, quando a Justiça voltou a trás de sua própria decisão inicial de conceder liberdade provisória ao acusado no dia ocorrido e acatou o pedido de prisão preventiva feito pelo MPE.