Laboratório está caótico e conselho se recusa a colaborar, diz secretário
Com 96 irregularidades, alvo de ação do MPE, Labcem necessita ser transferido, mas precisa de aprovação
Sucateado, condenado pela vigilância sanitária e alvo de inquérito civil público do MPE (Ministério Público Estadual), com 96 irregularidades encontradas, a situação do Labcem (Laboratório Central do Município) é caótica e encontra resistência do próprio Conselho Municipal de Saúde para ser resolvida. A afirmação é do próprio secretário municipal de saúde, Marcelo Vilela, durante fiscalização das UPAs (Unidade de Pronto Atendimento), nesta sexta-feira (14).
De acordo com o secretário, a administração quer transferir o Labcem para um prédio próprio na Vila Rica, região Norte de Campo Grande, onde funciona a policlínica odontológica municipal, mas o Conselho Municipal se recusa a aprovar a mudança.
Ao mesmo tempo, o município responde a ação civil pública por conta da situação precária da unidade onde são feitos todos os exames de pacientes, resultado da vistoria realizada no último dia nove de dezembro pela própria promotoria, pela Vigilância Sanitária e pelo CRF (Conselho Regional de Farmácia).
Vários problemas foram encontrados no único laboratório mantido pelo município para atender pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde). Foram Constatandas 96 irregularidades, problemas de estrutura do prédio e até descarte de 6 mil tubos de material, que levaram o MPE à Justiça contra a Prefeituraexigindo a resolução dos problemas, sob pena de multa de R$ 10 mil.
A inspeção também comprovou a falta de reagentes para a realização de exames – o contrato de compra do material venceu em janeiro deste ano e a nova licitação está em trâmite.
Se funcionasse em sua capacidade normal, o Laboratório Central poderia realizar 270 mil exames por mês, o que deixou de ser feito em virtude da falta de reagente.
O prefeito Marquinhos Trad (PSD) explicou que as compras de remédios e insumos já foram realizadas, assim como o pagamento dos fornecedores, mas depende do trâmite do processo licitatório.
Vilela disse ainda que o prédio na Vila Rica é amplo, térreo e oferece as condições necessárias para que o Labcem proporcione agilidade e melhor atendimento.
Tanto o prefeito quanto o secretário não quiseram discorrer sobre a resistência do Conselho em aprovar a mudança. Vilela disse apenas que o órgão “tem seus motivos”. O Campo Grande News tentou contato com o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Sebastião Junior, nesta sexta-feira (14), mas as ligações não foram atendidas.
De acordo com Vilela, caso o Conselho se mantenha resistente à mudança, a questão terá que ser judicializada, até para que as determinações do MPE sejam cumpridas.