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Capital

Líder de facção jurado de morte pelo PCC seria articulador de guerra em MS

Nas ruas por alvará, Fausto Figueiredo foi flagrado em conversas prometendo confronto com rivais de facção paulista; Suspeito já foi espancado e acumula transferências para área isolada da Máxima

Rafael Ribeiro | 06/01/2017 15:26
Fausto estaria agindo fora dos presídios (Foto: Reprodução)
Fausto estaria agindo fora dos presídios (Foto: Reprodução)

Considerado o maior rival do PCC (Primeiro Comando da Capital) em Mato Grosso do Sul, um ex-detento identificado como Fausto Xavier de Figueiredo, 36 anos, é apontado por agentes penitenciários como um dos responsáveis pela guerra da facção com o Comando Vermelho que tornou instável o clima dentro dos presídios do Estado. Nos planos dele, está até mesmo ataques a ônibus de transporte dos rivais e a ação com o drone em Dourados (a 233km de Campo Grande).

Figueiredo seria o líder local do Comando Vermelho, facção criada no Rio de Janeiro, e está jurado de morte pelo PCC, originado nos presídios de São Paulo. Em conversas com comparsas obtidas pela polícia, ele confirma que a guerra está declarada. “Em 2017 promete o Mato Grosso do Sul”, disse, prevendo confrontos nas prisões da Gameleira e Máxima, em áudios atribuídos a ele e obtidos pelo Campo Grande News.

Nessas conversas, o acusado promete ser audacioso e buscar e atacar até mesmo ônibus que transportem presos da facção rival. "Vamos começar com a Gameleira. Abrir fogo", disse.

Segundo informações, Figueiredo está nas ruas beneficiado por um alvará de soltura ganho no fim de 2016. Antes disso, em seu histórico da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) aparecem cinco transferências para celas isoladas desde que fora preso, no dia 1º de abril de 2016, flagrado com drogas em Jaraguari (a 44km de Campo Grande).

Em 29 de julho, o ex-detento quase foi morto pelos rivais no presídio de Segurança Máxima de Campo Grande. Foi encurralado, espancado e salvo por agentes penitenciários. Nos áudios atribuídos a ele, promete revanche agora. “Os dentes que tiraram da minha boca vai sair caro”, disse.

Desde então, o acusado, conenado por latrocínio (morte em assalto) no Mato Grosso, onde nasceu e figurou como líder em diversas rebeliões no sistema prisional daquele Estado, seria um dos maiores articuladores de confrontos com os rivais até mesmo pelo controle  de pontos de vendas de drogas.

Clima - A eminência de um confronto entre PCC e Comando Vermelho nas prisões sul-maro-grossense aumento após Makanaky Nobre dos Santos Nascimento, 26, ser encontrado morto por enforcamento em uma cela do presídio de Segurança Máxima de Campo Grande na manhã desta sexta-feira (6).

Em vídeo obtido pela reportagem, outros detentos comemoram o assassinato, dando a entender que foi de autoria do PCC. ““Vergonha aí ó, CVZão, pendurado, olha que bonitinho que ele ta, esse pilantra do c***... Vai loucão, vai segurando”, dizem. ‘CVzão é uma gíria usada para identificar integrantes da facção carioca.


Antes disso, no último dia 4, no presídio de Dourados (a 233km de Campo Grande), um drone que estaria carregando facas e drogas para integrantes de uma das facções deu início a uma rebelião que precisou de auxílio do batalhão de Choque da Polícia Militar para ser contida.

Investigações da Sejusp (Secretaria estadual de Justiça e Segurança Pública) apontam que Figueiredo foi um dos organizadores da ação em Dourados e seu paradeiro ainda é investigado. 

A Pasta também apura se a morte de um detento nesta manhã foi uma resposta do PCC à tentativa de ataque sofrida por parte do Comando Vermelho no presídio do interior.

Instabilidade – Apesar da morte de Nascimento, os presídios do Mato Grosso do Sul ainda não registraram conflitos graves entre as facções. Situação diferente da região Norte do país.
A guerra entre duas facções, que já matou mais de 100 pessoas no país, teria explodido em setembro do ano passado, depois de um “comunicado” que uma das facções emitiu, o “Salve Geral do PCC”, decretando o fim da aliança com Comando Vermelho.

O texto foi escrito a mão, na Penitenciária de Presidente Venceslau, em São Paulo, onde fica a cúpula do PCC. Possivelmente foi transportada por algum advogado ou visitante e enviado às prisões brasileiras dominadas pela facção. O “salve” se espalhou.

Depois disso, de outubro até hoje, presos foram assassinados em presídios de Roraima, Rondônia, Amazonas, Ceará. Com destaque para a chacina ocorrida no dia 1º deste mês, em Manaus (AM), quando 60 presos foram mortos, e a segunda matança ocorrida nesta sexta-feira (06), em Roraima, com mais 33 mortos.

“Lugar de alemão (gíria para inimigo) é no inferno. Tem que matar cada um deles e na faca, como fizeram com os nossos”, disse um suposto detento aliado do Comando Vermelho que foi apreendido por agentes penitenciários no presídio de Dourados.


Alerta - Segundo o diretor-presidente da Agepen, Ailton Stropa, o Estado tem procurado proibir de todas as maneira o uso do celular, tanto impedindo a entrada quanto coibindo a permanência do aparelho com operações "pente-fino" rotineiras.

Sobre a guerra entre as facções, Stropa afirma que há um alerta. “Estamos preocupados, porém preparados. Não há indicativo para a ocorrência de chacina no nosso Estado, mas a Agepen trabalha a situação minuto a minuto com a gerência de inteligência para reverter possíveis ocorrências e tomar providências preventivas”, relata.

Conforme o diretor-presidente, também houve reforço na segurança nos presídios. “O Estado já tinha se antecipando a isso quando iniciou o concurso para contratação de novos agentes e esses agentes já estão fazendo estágio nas unidades, além disso, há reforço através da Polícia Militar, que aumentou o efetivo nas muralhas e mantém o Batalhão de Choque totalmente mobilizado para atender qualquer ocorrência”, afirma.

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