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Capital

Mãe e padrasto de criança são denunciados por estupro e homicídio

Criança era vítima de maus-tratos e foi estuprada; casal está preso desde a data do crime

Dayene Paz | 09/02/2023 10:10
Stephanie e Christian foram presos e indicados por homicídio qualificado. (Foto/Reprodução)
Stephanie e Christian foram presos e indicados por homicídio qualificado. (Foto/Reprodução)

Stephanie de Jesus da Silva, 24 anos, e Christian Campoçano Leitheim, 25, mãe e padrasto de uma criança de 2 anos, assassinada em Campo Grande, foram denunciados pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul por homicídio triplamente qualificado e estupro de vulnerável. O caso aconteceu no dia 26 de janeiro e repercutiu nacionalmente.

Além dos crimes de homicídio e estupro, Stephanie foi denunciada, ainda, pela omissão de socorro. Ela e Christian estão presos desde a data da morte. A denúncia deverá ser analisada pelo juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, Carlos Alberto Garcete.

A reportagem entrou em contato com o advogado de defesa de Christian, Pablo Buarque Gusmão. Ele afirmou que está tomando ciência das manifestações do Ministério Público na denúncia e falará com o Campo Grande News.

Crime - A criança morava com a mãe, padrasto e outros dois irmãos (um deles filho de Christian com a primeira esposa), na Vila Nasser. A reportagem apurou que as crianças ficavam sob os cuidados de Christian enquanto a mãe trabalhava.

Na noite de quinta-feira, Stephanie chegou ao posto de saúde com a filha já sem vida. Foi então que as médicas evidenciaram lesões pelo corpo, inclusive nas partes íntimas da criança. Também perceberam que ela estaria morta havia cerca de quatro horas.

Stephanie alegou que a menina estava passando mal desde o dia anterior, com dores na barriga, e que o padrasto batia como correção. Na data da morte, os dois afirmaram que a criança não foi agredida. Eles foram presos em flagrante.

Laudo necroscópico confirmou que a menina, vítima de maus-tratos, foi estuprada. Além disso, também apontou que a menina morreu entre as 9h e 10h daquele dia, ou seja, ela estava morta há mais de oito horas quando a mãe chegou na unidade de saúde.

A delegada Anne Karine Sanches, da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) revelou que em algumas conversas encontradas nos celulares de Stephanie e Christian, eles tentavam criar história para justificar as lesões e decorrente morte da criança.

Em um dos trechos, além da fala de Christian sobre a queda no parquinho, ele ainda faz ameaças. “Ou fala a verdade e eu vou me matar; ou fala a verdade eles vão me prender”, consta. “Eles sabiam que ela estava morta e a levaram para a UPA”.

Guarda - O pai biológico, Jean Carlos Ocampos, já havia feito denúncias à polícia e ao Conselho Tutelar, pois durante visitas observou machucados na filha. Ele percorreu uma verdadeira via crucis ao longo de 2022 para proteger a filha e obter a guarda. Registrou boletins de ocorrência e o caso foi registrado como maus-tratos.

Na época, Stephanie de Jesus e a mãe foram ouvidas na DEPCA, sendo que o inquérito foi concluído e enviado à Justiça. Por ter sido enquadrada numa conduta considerada menos grave, não houve instrução na Justiça. Ele compareceu perante juiz e promotor e o caso foi arquivado.

Ficha médica - A criança foi levada à unidade de saúde 30 vezes e entre as passagens, com fratura na tíbia e até queimadura. A mãe informou ter sido acidental, nos dois casos. Sobre o fato de as lesões não terem levantado suspeita na equipe médica, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) pontuou que ocorreu em apenas uma das vezes, da fratura na tíbia, que foi justificada pela mãe por uma queda.

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