Mais uma educadora é demitida de Ceinf após denunciar maus tratos
Menos de uma semana depois de ir à mídia denunciar o descaso da Secretaria Municipal de Educação com as denúncias feitas por ela há dois anos, Márcia Soares, funcionária terceirizada, foi demitida sumariamente de seu cargo de recreadora do Ceinf (Centros de Educação Infantil).
Ela, que trabalhava originalmente no Ceinf Santa Edwirges, centro da polêmica, já havia sido transferida para outra unidade. Até que, ontem à tarde, recebeu uma ligação de que deveria comparecer à Omep (Organização Mundial pela Educação Pré-Escolar) para tratar de seu desligamento. “Me disseram que a decisão veio de uma comissão da Semed por conta das demissões que já estão programadas, mas acredito que a minha tenha sido antecipada por conta das minhas denúncias”, conta Márcia.
Ocorre que a Prefeitura tem mesmo que demitir os mais de 4 mil funcionários da Omep e da Seleta que trabalham nas escolas e creches por conta de irregularidades no contrato com as duas fornecedoras. Mas, de acordo com informações da Semed recebidas em 27/7, não haviam demissões de pessoal previstas até agora. Márcia e de Iara Freitas, também desligada após gravar vídeo onde captura maus tratos em Ceinf no Jardim Tijuca II, onde era alocada, parecem ser, então, exceções.
As três funcionárias que denunciaram maus tratos de outras educadoras em creches públicas de Campo Grande nos últimos dois meses sofreram consequências, por coincidência ou não. Iara Freitas, que filmou uma educadora maltratando crianças no Ceinf Maria Cristina Ocáriz de Barros, no Jardim Tijuca II - região sudoeste de Campo Grande -- foi demitida cerca de um mês depois de fazer a denúncia. Antes disso, alega ter sofrido perseguições da diretoria da unidade.
No Santa Edwirges, que fica no Aero Rancho 4, além da demissão sem aviso prévio de Márcia, Luciene Rocha, a outra denunciante, foi transferida para um Ceinf a 28 km de distância de sua casa. Ela também diz que ficou doente por conta da pressão que sofreu depois de cobrar explicações sobre os abusos que viu ocorrer no Ceinf.
Em encontro no Senalba (Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional no Estado de Mato Grosso do Sul) na última quinta-feira (4), Luciene mostrou fotos das erupções que tomaram sua pele, segundo ela, fruto de estresse causado pelas perseguições.
A Semed ainda não se pronunciou sobre as demissões nem sobre as denúncias, que se acumulam desde a semana passada.