MEC barra universitários no FIES e excluídos protestam na Capital
Cerca de 50 alunos da Unigran (Centro Universitário da Grande Dourados), unidade Campo Grande, marcaram protesto para chamar a atenção para as dificuldades de acesso ao Fies (Fundo de Financiamento Estudantil). A mobilização ocorre no semáforo da avenida Mato Grosso com a rua Pedro Celestino, Centro da Capital.
Os estudantes reclamam que o MEC (Ministério da Educação) está impondo barreiras para a conquista do financiamento.
Para a estudante de Educação Física Ildianne Batista da Silva, de 19 anos, o MEC está "moderando" a liberação do recurso. "Parece que eles liberam para algumas pessoas, mas, para outras, não. Vou precisar desistir do curso se não conseguir o Fies. Eu paguei só a matrícula, por isso, já estou devendo (mensalidades). Se não conseguir o Fies, vou ficar com essa dívida, os juros, e não vou conseguir continuar o curso", lamenta.
Tentativas - Ildianne já tentou de tudo para conseguir completar o cadastro no site do fundo. Uma das tentativas foi acessar o site no mesmo horário em que um colega conseguiu acesso ao financiamento.
"Ele conseguiu, mas eu não. Acho que é enrolação o que o MEC está fazendo porque, com certeza, já chegou em Brasília que os universitários estão se articulando para protestar", afirma. A "enrolação", para a aluna, fica ainda mais evidente quando lembra do anúncio do MEC, sobre o fundo, que está sendo veiculado atualmente nos intervalos comerciais na televisão.
Não é caso isolado - Segundo os estudantes, o problema se repete em outras instituições, como na Facsul (Faculdade Mato Grosso do Sul), onde pelo menos 80 alunos enfrentam as mesmas dificuldades, e na Anhanguera-Uniderp, prejudicando cerca de 100 alunos.
No entanto, segundo Jonathan Malaquias, 40 anos, que cursa Educação Física na Unigran, a direção da universidade afirmou que a instituição não atingiu nem 80% da cota que tem para conceder Fies aos alunos, o que reforça a indignação dos estudantes.
O Campo Grande News tentou contato com a direção da universidade, mas não conseguiu retorno.
"Queremos mostrar para a sociedade que o problema não é só local, queremos chamar a atenção de todos, inclusive da classe política, para que eles apoiem os estudantes nesse diálogo com o MEC para conseguirmos o Fies", explica.
Impasses - Para Vanessa Carvalho, 19 anos, também estudante de Psicologia, indefinições e falta de transparência atrapalham o processo. "Depois de uma semana tentando cadastrar de manhã, à tarde e à noite, o banco me pediu dois fiadores, para minha surpresa", contextualiza.
"No sistema do banco apareceu que um dos meus fiadores tinha uma dívida, mas ela não existe. Consegui levantar documentos para provar isso, mas, quando consegui, já tinha perdido o prazo para concluir o contrato do financiamento", conta.
O banco, então, orientou a aluna a esperar e tentar novamente em alguns dias. "Mas tem gente que conseguiu sem fiador", completa. "Hoje, meu pai está pagando a faculdade, mas se o Fies não der certo, não sei como vou fazer para continuar", conclui.
Em nota ao Campo Grande News, o MEC afirmou que "os estudantes têm conseguido realizar aditamentos e fazer novas inscrições. Mas o Ministério da Educação já reafirmou em várias ocasiões que, caso seja necessário, o prazo para aditamento pode ser estendido".
Sobre a necessidade de fiadores, o órgão explica as diferenças entre os casos. "Ficam dispensados da exigência de fiador os alunos bolsistas parciais do ProUni, os alunos matriculados em cursos de licenciatura e os alunos que tenham renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio. Isso está detalhado em http://sisfiesportal.mec.gov.br/faq.html", diz a nota.
"Caso ainda hajam problemas para fazer o aditamento, pedimos aos estudantes que entrem em contato via central telefônica gratuita, no número 0800-616161. O estudante também pode enviar mensagens eletrônicas através do SisFies, clicando na opção Contato", finaliza a nota.