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Capital

Médico vai ser ouvido por último em inquéritos sobre importunação sexual

São três inquéritos contra Salvador Arruda, que já foi afastado de hospital após denúncias de colegas de trabalho

Marta Ferreira | 21/08/2020 13:24
Entrada da Delegacia de Atendimento à Mulher, onde os casos contra médico estão registrados. (Foto: Henrique Kawaminami)
Entrada da Delegacia de Atendimento à Mulher, onde os casos contra médico estão registrados. (Foto: Henrique Kawaminami)

As vítimas e testemunhas serão ouvidas antes. Por último, o suspeito. Esse é o trâmite previsto pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) de Campo Grande para a condução de três inquéritos contra o médico ginecologista Salvador Arruda, de 67 anos.

Arruda é alvo de denúncias de assédio sexual por parte de uma paciente e duas técnicas de enfermagem da maternidade Cândido Mariano. O hospital, diante dos fatos relatados pelas profissionais, afastou o médico de seus quadros.

A reportagem apurou que ele também vai ser alvo de investigação administrativa  pela Cassems, o plano de saúde dos servidores estaduais.

“Até a presente data não recebemos nenhuma reclamação de beneficiários em relação à conduta deste profissional, no entanto, após o conhecimento dos fatos narrados na matéria, será instaurado procedimento interno para apuração”, diz a resposta enviada pelo plano de saúde ao Campo Grande News.

Na Polícia Civil, segundo a explicação da delegada-adjunta da Deam, Anne Karine Trevisan, é de que o encaminhamento prevê o depoimento das mulheres que denunciaram o médico e por último o dele.

Como esses casos correm em sigilo, a única informação prestada foi de que ele ainda não foi ouvido. Não há detalhamentos sobre os outros procedimentos, para não expor as vítimas.

O médico nega as acusações. Ele deu entrevista ao Campo Grande News na quarta-feira (19) sobre o assunto, quando veio a público o caso mais recente.

Histórico - Antes disso, porém, a Delegacia já tinha dois inquéritos em andamento, um aberto em dezembro de 2019 e outro em janeiro deste ano, após as denúncias apresentadas por duas técnicas de Enfermagem da Maternidade Cândido Mariano.

Desses dois casos, um é tratado como importunação sexual e o outro como perturbação do sossego. A diferença é o fato de ter havido contato físico no primeiro, o que torna o crime mais grave. Se o médico for considerado culpado por importunação sexual, a pena varia entre um e cinco anos. A punição para perturbação do sossego é de no máximo três meses de detenção.

O terceiro caso, mais recente, foi registrado no dia 18 deste mês na 4ª Delegacia de Polícia Civil, nas Moreninhas, por uma paciente de Salvador Arruda. Ela relatou ter sido importunada sexualmente por ele no dia 13, na primeira consulta, na Associação Santa Rita, no Jardim Monumento, onde ele atende com preços de tabela social.

Esse caso foi enviado para andamento na Deam, especializada em violência de gênero.

Como fazer – O médico já foi processado, em 2015, por episódio semelhante, ocorrido na mesma clínica do Jardim Monumento. Neste ano, em junho, ele foi inocentado por falta de provas.

A delegada-adjunta da Deam, Anne Karine Trevisan. (Foto: Henrique Kawaminami)
A delegada-adjunta da Deam, Anne Karine Trevisan. (Foto: Henrique Kawaminami)

Depois que as reportagens foram ao ar, pelo menos mais duas mulheres procuraram o Campo Grande News relatando situações envolvendo o profissional de Medicina.

Uma disse ter sido importunada sexualmente e a outra revelou ter sido destratada inclusive com afirmações em tom agressivo sobre sua aparência física.

Indagada sobre a possibilidade de investigação de casos assim, a delegada Anne Karine recomendou procurar sempre a autoridade policial.

“A vítima de procurar a Deam para explicar detalhadamente o fato e a delegada plantonista analisar em qual delito se enquadra”, explicou.

A Deam fica na Rua Brasília, sem número, no Jardim Imá, na Casa da Mulher Brasileira.

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