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Capital

Médicos alegam “esgotamento profundo” e vão encerrar cirurgias na Santa Casa

Carta aberta enviada à imprensa por neurocirurgiões diz que apenas sete profissionais atuam no hospital

Lucia Morel | 31/05/2023 17:46
Superlotação na Santa Casa é recorrente e com pacientes amontoados. (Foto: Alex Machado/Arquivo)
Superlotação na Santa Casa é recorrente e com pacientes amontoados. (Foto: Alex Machado/Arquivo)

Neurocirurgiões prometem para 5 de junho encerrar as cirurgias neurológicas de urgência e emergência na Santa Casa, bem como as eletivas e os atendimentos de ambulatório e “demais atividades conexas” conforme carta aberta enviada à imprensa pelos profissionais. Os sete que atuam no hospital dizem realizar mil procedimentos por ano e estão em “esgotamento profundo”.

“Tal medida extrema teve de ser adotada, ante atual condição que o grupo enfrenta, tendo em vista que, no ano de 2022, este contava com a atuação de 12 profissionais, os quais, durante o ano de 2023, foram evadindo-se por motivos diversos, restando atualmente na escala apenas sete profissionais, para realizar o atendimento de toda população deste Estado”, informa o comunicado.

O esgotamento decorre, segundo eles, das horas seguidas de trabalho diante de uma baixo corpo clínico. Assim, os sete acabam passando seis, oito e até 12 horas seguidas operando e ainda fazem o plantão de 12 horas e mais, atendem em consultório nas consultas agendadas.

O grupo alega ainda que houve tratativas com o hospital, que teria sido solícito, entretanto, “após vários apontamentos, não chegou-se a um acordo, pois, como sabido, a situação financeira da Santa Casa de Campo Grande é deficitária, sendo que, portanto, o contraprestação deveria ocorrer, em regra, através do poder público, mantenedor do SUS, o que, até este momento não ocorreu”.

As negociações têm ocorrido há pelo menos 60 dias e a ideia era que o valor pago aos profissionais aumentasse, inclusive para atrair mais neurocirurgiões. Os atuais médicos da área que trabalham na Santa Casa, diante da alta demanda do hospital, tem tido dificuldade inclusive de atuarem em seus consultórios particulares.

“Por fim, o grupo esclarece que é sensível a todas as demandas e pacientes deste Estado, sendo esta tomada de decisão extrema, pelos motivos expostos, pois o serviço não pode permanecer com o atual quadro de profissionais frente a demanda, e só seria possível em razão de melhor remuneração para ser atrativa a novos profissionais e para que os atuais pudessem se dedicar de maneira mais efetiva a instituição”, finaliza a carta.

Procurada, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que a negociação salarial é demanda específica do hospital com seus colaboradores e que atualmente, o município não tem nenhuma pendência financeira com a Santa Casa, inclusive,  repasse mensal tendo aumentado para R$ 26 milhões.

“Por fim, a Sesau reitera que sempre se manteve aberta ao diálogo com o hospital e está à disposição para eventuais discussões em relação aos atendimentos prestados para que a população não seja prejudicada em razão de um eventual desacordo entre o hospital e seus colaboradores”, termina a nota.

A Santa Casa também foi procurada, mas ainda não encaminhou retorno.

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