Pacientes com problemas de coração e vítimas de acidentes lotam a Santa Casa
Capacidade do Pronto-Socorro é de 13 leitos, mas já há seis vezes mais pacientes que o suportado
Sob risco de paralisar os atendimentos não urgentes do Pronto-Socorro, a Santa Casa de Campo Grande está no limite de recebimento de pacientes e os que são vítimas de problemas de coração ou de acidentes de trânsito é que lotam o hospital. Nesta tarde, são 76 pessoas sendo atendidas no local, que tem capacidade para apenas 13.
Números da Santa Casa mostram que dos 76 pacientes, 54 estão na área verde, considerados menos graves, e 22 na vermelha, identificada como crítica. Nesta última, há 13 internados (com 5 intubados) e 9 em observação. Na verde, dos 54, são 32 internados e 22 em observação. “A situação segue impactando o Centro Cirúrgico, onde cinco pacientes em recuperação aguardam sem previsão de leito para enfermaria”, diz nota da instituição.
Diretor clínico de lá, William Lemos afirma que a maioria dos pacientes que superlotam a unidade são vítimas de problemas cardíacos ou de acidentes de trânsito. “Os casos de traumatizados e de cardiologia são os que tem superlotado nosso Pronto-Socorro”, disse.
Segundo ele, o Hospital de Trauma, que faz parte da Santa Casa, não alivia a superlotação porque a única porta de entrada dos casos graves é o Pronto-Socorro. Depois dessa primeira avaliação é que os casos de traumas ortopédicos são encaminhados para o Trauma. “A porta de entrada é a mesma, por isso ocorre a superlotação no Pronto-Socorro”, analisa.
Sobre o risco dos atendimentos serem restringidos, o diretor afirma que é uma possibilidade real. “Pode ser que passemos a atender apenas os casos considerados como vaga zero”, que são os pacientes que precisam de atendimento imediato por estarem em risco de morte ou sofrimento intenso.
Outro problema elencado por ele é o fato de o hospital estar sendo procurado primeiro pelos pacientes que as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), o que não é recomendável. “Não é assim que funciona. Primeiro, a pessoa vai até a UPA e, então, se necessário, é encaminhada ao hospital”, sustenta.
Sesau – O hospital informou que enviou ofício para a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) pela manhã relatando a situação. A ideia é “solicitar apoio para desviar o fluxo de pacientes”. A secretaria, por sua vez, encaminhou resposta à reportagem dizendo que “até o momento, a Sesau não foi comunicada oficialmente desta decisão”.
O comunicado diz ainda que “todos os encaminhamentos estão sendo feitos de acordo com o que é pactuado com o hospital, com exceção dos casos de vaga zero para casos onde é referência” e que “a Sesau mantém tratativas com os outros hospitais para, caso seja necessário, realizar o remanejamento de fluxo”.
Por fim, a Santa Casa comunica que está acelerando as altas possíveis para “não entrar em ponto de colapso” e que “a possibilidade de restrição total do serviço está sendo analisada pela Diretoria Técnica”.