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Capital

Menino torturado engorda 2 kg e aguarda avaliação para cirurgia plástica

Natalia Yahn e Viviane Oliveira | 04/03/2016 10:25
Médica pediatra, Patrícia Otto, durante entrevista coletiva na Santa Casa. (Foto: Marcos Ermínio)
Médica pediatra, Patrícia Otto, durante entrevista coletiva na Santa Casa. (Foto: Marcos Ermínio)

O menino de 4 anos, que era torturado pelos tios, engordou 2,3 Kg desde quando foi internado na Santa Casa de Campo Grande, no dia 23 de fevereiro. O garotinho passou por uma série de exames, procedimentos e ainda aguarda avaliação para confirmar a necessidade de transplante de córnea e também de cirurgia plástica no rosto e na orelha direita.

A médica pediatra Patrícia Otto, uma das responsáveis pelo atendimento da criança, informou hoje (4) durante entrevista coletiva no hospital – realizada para falar sobre a evolução clínica do paciente – que ele deve passar por um novo procedimento cirúrgico na orelha.

“Foi feita uma drenagem cirúrgica e está 50% melhor. Foi tirada uma grande quantidade de pus e sangue do abcesso e um outro procedimento está marcado e vai acontecer nos próximos dias. Agora é avaliado pelo cirurgião plástico o procedimento na orelha, mas pode ficar mais pra frente. Em relação as marcas conforme ele vai crescendo elas podem não ficar tão visíveis e talvez não seja necessária cirurgia”, afirmou.

Por conta do passado médico desconhecido o menino precisou passar também por uma série de procedimentos quando ainda estava na emergência no hospital e na enfermaria, onde permanece internado. Ele não esta com outras crianças no local, mas um educador do abrigo para onde ele deve seguir assim que receber alta o acompanha 24 horas por dia.

A previsão é de que o garoto seja liberado do hospital nos próximos dias. O tratamento com antibiótico realizado desde que ele deu entrada no local será finalizado amanhã (5). Os remédios eram para tratar principalmente infecções secundárias quando foi internado ele também tinha lesões na fase, queimaduras em estado avançado de cicatrização, marcas por todo o corpo, uma fratura no braço já calcificada e que não havia sido tratada e também aumento no volume do órgão genital.

Além de vários exames de raio-x o menino também passou por uma tomografia de crânio para verificar outros possíveis problemas, mas nada foi identificado.

O garotinho foi internado com quadro de desnutrição por conta da dieta pobre em proteínas, e inclusive apresentava uma “anemia importante”, de acordo com a médica. “Ele aceitou bem a dieta, o que mostra que ele tinha mesmo carência de vitaminas”, explicou a pediatra.

Quando deixar o hospital o garoto vai continuar com o tratamento oftalmológico, atualmente ele faz uso de colírios e tem evolução satisfatória. A médica disse que ele enxerga, porém ainda não existe avaliação do quanto ele consegue ver. "As lesões eram mais superficiais, o que sugere que eram mais para judiciar mesmo e não machucar", disse a médica sobre o caso do garoto, que mesmo sofrendo violência não teve lesões internas graves, inclusive a dos olhos que aparentemente também são superficiais.

Na Santa Casa ele recebe acompanhamento de uma equipe multidisciplinar formada por médicos - pediatras, oftalmologistas, cirurgiões plásticos -, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas e assistentes sociais.

Caso - O menino foi torturado pelos tios e um primo, durante nove meses, em ritual de magia negra. Em depoimento o primo da criança disse que as agressões ocorriam com cabo de vassoura e o garoto era queimado com charutos e água quente, além de tapas e socos.

Há suspeitas de que as queimaduras tenham sido causadas também por produto químico. Os acusados confessaram o crime e devem ser indiciados por tortura qualificada. Eles podem pegar até 13 anos e meio de prisão, conforme prevê o presidente da comissão de Direitos Humanos da OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul), Gerson Almada.

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