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Capital

Mesmo cadastradas, famílias enfrentam fila com medo de perder novo auxílio

O pagamento do novo auxílio do Governo Federal começa na próxima quarta-feira para 14,6 milhões de famílias

Viviane Oliveira e Bruna Marques | 10/11/2021 09:14
Nesta manhã, cerca de 80 pessoas aguardavam para receber atendimento no Cras. (Foto: Marcos Maluf)
Nesta manhã, cerca de 80 pessoas aguardavam para receber atendimento no Cras. (Foto: Marcos Maluf)

Mesmo depois da informação de que todas as famílias atendidas pelo Bolsa Família serão migradas para o Auxílio Brasil, sem obrigatoriedade de recadastramento, as filas imensas em frente aos Cras (Centro de Referência da Assistência Social) de Campo Grande continuam.

O pagamento do novo programa social criado pelo Governo Federal começa na próxima quarta-feira (dia 17) para cerca de 14,6 milhões de famílias, seguindo o calendário habitual do Bolsa Família.

Nesta manhã, por exemplo, cerca de 80 pessoas aguardavam em frente ao Cras Professora Adevair da Costa Lolli Guetti, na Rua Globo de Ouro, no Bairro Aero Rancho. A maioria já tem cadastro, mas prefere fazer o recadastramento para garantir o benefício.

A dona de casa Regiane Merencio dos Santos, 32 anos, era uma das que aguardava na fila desde às 5h50 da manhã, mesmo já sendo cadastrada. Ela recebe R$ 358 do Bolsa Família há 6 anos e depende desse dinheiro para criar os filhos de 9, 5 e 1 ano. Sem outra renda, Regiane mora em um cômodo nos fundos da casa do pai e conta com o benefício para comprar leite e fralda. “Eu vim atualizar o cadastro porque tenho medo de perder esse dinheiro. Vim por garantia”, contou.

Regiane já é cadastrada, mas foi ao Cras para garantir o recebimento do benefício  (Foto: Marcos Maluf) 
Regiane já é cadastrada, mas foi ao Cras para garantir o recebimento do benefício  (Foto: Marcos Maluf)

Moradora do Jardim Monte Alegre, a empregada doméstica Flávia Garcia, 40 anos, recebe salário de R$ 1.200 e conta com a ajuda do Bolsa Família de R$ 375 para complementar a renda, conseguir pagar o aluguel de R$ 500, arcar com outras despesas da casa e garantir o básico para os filhos de 16, 15 e 8 anos. “Minha filha está no Instituto Mirim e me ajuda com o que pode, mas mesmo assim, a gente passa apertado”, disse.

Ela não acredita que a migração para o novo programa do Governo Federal vai acontecer de forma automática. “É melhor vir. Porque depois podem falar que você não vai receber porque não atualizou o cadastro. Se for esperar, você perde”, disse.

Compartilha da mesma opinião Fabiana Aparecida dos Reis, 34 anos. Mãe de três, com idades de 15, 5 e 3 anos, ela recebe o benefício do governo federal há 5 anos. O valor de R$ 358 ajuda a dona de casa complementar a renda e garantir a comida na mesa. Ela soube da informação de que não precisaria fazer o recadastramento, mas por medo e dúvida resolveu ir para garantir.

“Se os dados não estiverem atualizados, eu posso perder. Eu vim por segurança. Depois, se acontecer alguma coisa, posso falar com toda certeza que fiz tudo certo. Meus filhos dependem disso. Você acha que eu vou acreditar nisso, que vai migrar sozinho”, questionou.

Ao contrário das três entrevistadas acima, a cabeleireira Moisana Mercedes, 40 anos, ainda não recebe o benefício. Ela disse que por causa da pandemia, a sua renda diminuiu muito. “Eu ainda engravidei e aí complicou. Eu vim para atualizar o CadÚnico e garantir o novo auxílio”, disse Moisana, mãe de três: de 18, 5 e o caçulinha de 3 meses.

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