Ministério da Saúde diz a CPI que sumiço de vacinas é falha da prefeitura
Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, prestou depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Vacinas na tarde desta sexta-feira (1) durante videoconferência na Coordenadoria de Imunizações da SES (Secretaria de Estado de Saúde), no Parque dos Poderes. Se vacinas sumiram, disse ela, a falha aconteceu na rede municipal de saúde.
Ela disse que foram enviadas 54 milhões de doses de vacinas contra a gripe para todo o País e que, para Mato Grosso do Sul, o número de doses enviadas foi suficiente para atender os grupos prioritários, principalmente na Capital, que recebeu 201 mil doses.
Domingues relatou que o Ministério da Saúde não recebeu denúncias a respeito do sumiço de vacinas na Capital e que nunca registrou esse tipo de situação em outra região. Afirmou, assim como o Instituto Butantan, que não foram enviados frascos com menos doses e que a falha pela falta de vacina aconteceu por parte das equipes de saúde da rede pública de Campo Grande.
“Ninguém consegue medir as doses milimetricamente. Por esse motivo, o Ministério da Saúde sempre envia doses a mais. O número de vacinas enviadas foi suficiente para cada público alvo, tanto do município quanto do Estado”, ressaltou Carla.
Carla ainda frisou que as perdas de vacinas são compreensíveis e lembrou que no ano passado, durante a campanha de vacinação contra a gripe suína, 82% da população foi imunizada. Em relação às vacinações extramuros (shoppings, supermercados) realizadas em Campo Grande, Carla alegou que a questão é prerrogativa do município. “É a prefeitura que decide se fará vacinação extramuro ou não”.
A vacinação extramuro é recomendada pelo Ministério da Saúde desde que seja destinada a público alvo, observou Carla. “Não é porque você está em um shopping que vai vacinar um jovem de 19 anos que não está no grupo de risco”.
Controle – Carla informou que o controle da vacinação em Campo Grande foi feito de maneira quantitativa e não nominal. É mais fácil, segundo ela, para identificar possível ato de má fé. No ano que vem todos os municípios, de acordo com Carla, passarão a adotar o sistema nominal, que está em fase de implantação.
Caso seja comprovada irregularidade na vacinação, o problema não é do Ministério da Saúde, mas sim da prefeitura, argumentou Carla. “Não temos como armazenar as vacinas, pois elas têm prazo de validade. Agora já não temos mais, mas a quantidade enviada a Campo Grande foi suficiente. O Ministério não poder fiscalizador”, comunicou Carla durante a videoconferência.
Na opinião da coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, alguém da prefeitura tem que arcar com as consequências.
CPI – A CPI que apura irregularidades no sumiço das vacinas na rede pública de saúde em Campo Grande é formada pelos vereadores Marcos Alex (PT), presidente; Livio Viana (PSDB), relator; Chiquinho Telles (PSD), Vanderlei Cabeludo (PMDB) e Edson Shimabukuro (PTB). Na videoconferência realizada hoje apenas os três primeiros estavam presentes.
Segundo Alex, o que ficou entendido com os depoimentos prestados até o momento à CPI é que o sumiço das cerca de 3 mil vacinas não está relacionado à questão de manipulação das doses e processo técnico. “O que nos leva a crer que foi outra situação. Ainda não sabemos dizer qual é, mas existem denúncias de vendas, por exemplo”.
Ainda conforme o vereador petista, a videoconferência teve como objetivo buscar informações junto ao Ministério da Saúde sobre o envio das doses e receber a confirmação de que não faltaram doses. Já foram ouvidos representantes do trio de distribuição das vacinas (SES, Instituto Butantan e Ministério da Saúde).
A diferença entre o volume de doses recebidas e a cobertura vacinal era de 32 mil doses em maio, mas a Prefeitura depurou o número informando que parte ainda estava disponível aos grupos prioritários, incluindo internos dos presídios, restando uma diferença de 3 mil doses que o Poder Público até o momento não soube explicar onde estão.